O Brasil conta com um bom número de dispositivos e sensores para a chamada agricultura 4.0, que monitoram dados climáticos, rastreando uso e necessidade de água, drones para identificar problemas nos talhões, distribuindo fertilizantes e pesticidas e muitas outras funções.
O caso da BP Bunge Bionergia é um exemplo. Ela foi formada em 2019 por uma joint venture entre os grupos BP e Bunge para produção de etanol, açúcar e bioletricidade de baixo carbono. Segundo Paulo Macedo, diretor de tecnologia da informação, este ano foram renovados os computadores de bordo dos cerca de 1.070 equipamentos agrícolas do CTT (corte, transbordo e transporte). Esses equipamentos funcionam como um ´raio-X´ do campo, recebendo, processando e armazenando dados sobre desempenho das máquinas e o tempo de atividades como corte, transporte, intervalo para manutenção e abastecimento.
Os dados são analisados 24 horas, em tempo real, pelo SmartLog. A empresa fechou uma parceria com a TIM e em 2023 terá cerca de 100 novas torres 4G, cobrindo 3 milhões de hectares. "Os resultados e aplicações ganharão mais velocidade", observa o executivo.
A gestão de dados permitiu elevar o uso do tempo das colheitadeiras de 9 a 10 horas/dia, para 15 a 16 horas/dia. A média de colheita de cana-de-açúcar, que no setor é de 400 a 500 toneladas por máquina ao dia, chegou em uma das unidades ao recorde de 1.080 toneladas/dia e à média de 800 toneladas/dia nas 11 unidades.
O grupo São Martinho é um dos pioneiros em agricultura 4.0. O projeto começou em 2018 com uma rede proprietária na faixa de 250 MHz desenvolvida pelo CPQD. Hoje, as quatro unidades estão conectadas e a última, a Usina Iracema, opera com rede 4G de 700 MHz da TIM.
Sua estrutura tecnológica permite coletar informações de mais de 80.000 sensores de máquinas e veículos. Hoje, o grupo possui uma estrutura de pesquisa, desenvolvimento e inovação que reúne conexões de redes 4G e 5G, uma plataforma digital para o co-desenvolvimento de soluções e estrutura e governança de um datalake que integra os dados de operação/manutenção dos processos. "Contamos com 12 milhões de hectares cobertos com a tecnologia 4G e o nosso desafio é chegar a 16 milhões de hectares até 2024", diz Paulo Humberto Gouvea, diretor de soluções corporativas da TIM.
Ele observa que um dos ganhos nessa cobertura se deu com a plataforma NB-IoT, que amplia a cobertura tradicional e já chegou a 24 milhões de hectares. Somente este ano a operadora ganhou novos clientes como Usina Santa Vitória, Santa Adélia e São Martinho.
Os projetos atendidos pela empresa mostram o caminho da expansão da agricultura 4.0. Em maio o grupo Jalles Machado comemorou 473 mil hectares conectados em Goianésia (GO). Ele conta com 812 smartphones, sendo 650 mil destinados para levantamento de dados no campo.
A SLC Agrícola cobriu 22 mil hectares com a conexão de 23 máquinas agrícolas e dez coletores de dados. Ela utiliza tecnologia celular Nokia e backhaul da BRFibra e conecta colheitadeiras, tratores e outras soluções IoT.
A TIM também está presente em um projeto-piloto batizado de "Telemeclima" do grupo Amaggi. Já foram conectados cerca de 700 equipamentos agrícolas e outros dispositivos.
A Embratel avança com o projeto Campo Conectado e disponibiliza cobertura móvel 5G, 4G, 3G e CAT-M. Quando necessário, complementa com a conexão via satélite. Recentemente, fechou parceria com o Broto, ecossistema digital do Banco do Brasil, para oferta de sua solução aos agricultores.
"No campo, para que as tecnologias sejam utilizadas com eficiência, é imprescindível uma rede rápida e infraestrutura robusta", afirma Adriano Pires, diretor de vendas da Embratel. Além da conectividade, a empresa oferece soluções de agricultura digital, gestão de logística, armazenamento - com sensoriamento de silos e galpões com scanners 3D -, rastreabilidade e integração de sensores com drones.