4ª suspeição - o quarto poder da República – Por Claudio Belodi

4ª suspeição - o quarto poder da República – Por Claudio Belodi

De todas as suspeições que já elencamos a que falaremos é real – digamos natural do mundo político.
Pelas últimas delações fica claro que não são suspeições, são realidades. O palavreado interceptado nas gravações de investigações criminais mostra o grau de baixaria com que as coisas e causas públicas são tratadas. Fica claro que a República não é mais uma instituição pátria, é um covil de abrigo de irresponsáveis e disputas carnentas, mais degradante que o tráfico de drogas, pois ali traficam influências de negócios particulares que não afetam alguns, mas toda uma nação.
Culpados? Não. Criminosos! Sim.
O cinismo é tanto que o teor das conversas sequer pode ser desmentido ou remendado; os interlocutores apenas se justificam a dizer que houve má interpretação e que os vazamentos afrontam a Lei.
Contra palavrões não há lei que permita ocultá-los.
Contra falas como: “Convulsionar a sociedade em cima de inverdades, métodos escusos e práticas criticáveis viola princípios e garantias constitucionais e os direitos dos cidadãos. E abrem precedentes gravíssimos. Os golpes começam assim.” (Presidente no discurso de posse do ex-presidente como ex-ministro da Casa Civil). Tal violação foi respondida pelo Supremo Tribunal Federal manifestando-se que, apesar da polêmica sobre a legalidade dos grampos em que o ex-presidente aparece falando com a Presidente, a autenticidade das declarações é reconhecida por ambos, Assim posto, a posse seria uma fraude à Constituição, ai sim configurando violação de ordem constitucional.
Fica claro que os anseios do povo não são golpistas, são no sentido de moralidade e austeridade.
Vê-se que a maldade do poder reside nas entranhas das instituições. Nos paralelos e ardilosos palavrões de baixo calão, inclusive em relação a amigos e aliados, sempre que atenuantes não sejam alcançados. Só pela incessante busca de atenuantes já configura o cometimento de incorreção do dever.
Não se suspeita, se extrai, que o funcionamento da República ocorre na calada da noite, em encontros em hotéis e restaurantes de luxo, regados a bom vinho e comidas generosas, nas intermináveis negociatas, do tipo “toma lá, dá cá”, onde os interesses públicos são colocados em segundo plano, desde que resolvidos em primeiro os particulares de “quanto é vossa parte e qual será a nossa”. E muitas vezes a farra termina num quarto com prostitutas, em que uma parte premia a outra com suspeitas mulheres treinadas para obter confidências de alcova.
Nas Casas institucionais, Palácios, Ministérios e outras repartições apenas se cinge ao protocolo.
O resto é comportamento e mérito de uma verdadeira ZONA. No meretrício a trama é menos cruel, pois os objetivos são alcançados com malícia puritana.
Esse quarto poder é o que nos governa, é onde se toma as maiores decisões,  desde a feitura de uma lei até a destinação de grandes e pequenos investimentos, da aprovação de um servidor para qualquer cargo à liberação de recursos para pagamento de despesas correntes.
Somos governados pela imoralidade de pessoas que se intitulam do bem.