Açúcar liderou altas das agrícolas em NY em abril

Açúcar liderou altas das agrícolas em NY em abril

O aperto nas oferta de algumas das “soft commodities” negociadas na bolsa de Nova York foi decisivo para o forte aumento dos preços no mês passado. Com alta de quase 18%, o açúcar liderou as altas em abril.

A cotação média dos contratos do demerara que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente os mais líquidos, subiu 17,74%, a 24,06 centavos de dólar a libra-peso, segundo o Valor Data.

Cresceu entre os investidores o sentimento de que a oferta será curta, principalmente após os cortes nas estimativas de safra da Índia, segundo maior exportador de açúcar do mundo. Com isso, os preços ultrapassaram a marca de 26 centavos de dólar por libra-peso na última semana de abril, o maior patamar em onze anos.

“Há uma percepção de que a safra vai diminuir, mas os preços subiram também em virtude de um certo ‘pânico’ dos compradores. Os fundamentos de oferta e demanda não mudaram nos últimos 30 dias, e eles já haviam sido absorvidos pelo mercado”, comenta Arnaldo Corrêa, diretor da Archer Consulting.

Assim como o açúcar, o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) encerrou o mês passado com alta expressiva na bolsa de Nova York. Em abril, os contratos de segunda posição de entrega subiram 12,38%, para US$ 2,6757 a libra-peso, em média.

“A perspectiva de produção de laranjas nos Estados Unidos continua caindo. A atualização de abril do USDA [Departamento de Agricultura americano] para a safra 2022/23 veio com nova redução, de 1,7% em relação ao mês anterior, para 62,25 milhões de caixas de 40,8 quilos, a menor em 86 anos”, destaca o Itaú BBA Agro, em relatório.

O café arábica também encerrou o mês em alta, sob a influência dos baixos números de embarques de Brasil e Colômbia, os dos principais exportadores globais da variedade. A queda dos estoques do grão no mercado americano e a elevação nas cotações do robusta também tiveram influência sobre o comportamento das cotações. O preço médio do grão subiu 6,87%, a US$ 1,8888 por libra-peso.

Os preços do cacau subiram 5,11% em abril, para US$ 2.916 a tonelada, em média. De acordo com a Organização Internacional do Cacau (ICCO), a demanda global pela amêndoa deve ser 60 mil toneladas maior que a oferta na temporada 2022/23.

O algodão também avançou, mas a alta foi mais tímida. Os contratos de segunda posição subiram 0,59%, para 81,87 centavos de dólar a libra-peso, em média.

Na bolsa de Chicago, as condições favoráveis ao bom desenvolvimento das lavouras de trigo pressionaram as cotações do cereal. O preço médio dos contratos de segunda posição de entrega recuou 2,85% no mês passado, para US$ 6,7901 por bushel.

“As perspectivas são positivas para as colheitas do Hemisfério Norte, que começam em junho. Na França, 95% das lavouras estão em boas condições. Além disso, a safra de primavera nos EUA começou com bom ritmo de plantio”, diz Marcelo de Baco, corretor no mercado de trigo.

Segundo ele, esse quadro tirou um pouco do peso que o acordo para exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro exerce sobre os preços. No mês passado, as cotações pouco reagiram às ameaças russas de deixar o acordo assinado com a Ucrânia, que expira no dia 18 de maio.

Soja e milho também se desvalorizaram, muito em função do bom início do plantio da temporada 2023/24 nos Estados Unidos. A cotação média dos contratos de segunda posição de entrega da soja encerrou o mês passado em queda de 0,94%, a US$ 14,5936 por bushel, de acordo com o Valor Data. O milho, por sua vez, caiu 0,33%, a US$ 6,7901 por bushel.

 

Valor Econômico