O setor fundamental para a segurança alimentar, desenvolvimento social e econômico e está presente diariamente na vida da população mundial também tem o seu dia: 25 de fevereiro é o Dia do Agronegócio. Em Minas Gerais, o agronegócio tem papel relevante, respondendo por 22,6% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e contribuindo para a fixação do homem no campo, pelo abastecimento e pela geração de riquezas.
O presidente do Sistema Faemg/Senar, Antônio Pitangui de Salvo, explica que é importante ressaltar que o agro, durante todo o ano, faz parte da vida da população.
“Todo dia é dia do agronegócio. O setor é importante para Minas Gerais pela pluralidade ímpar. Dentro do segmento, somos várias Minas em cada região: do Sul até Norte, Noroeste, Triângulo, Jequitinhonha, cada região se comporta de várias formas e temos um Brasil dentro de um Estado que tem a maior diversidade de produtos que, em números, nenhum outro estado tem igual”.
Ainda segundo Pitangui, Minas é líder na produção de café e de leite. “São os grandes carros-chefes. A produção do leite está presente em 99% dos municípios mineiros, fixando o homem no campo e gerando renda diária, que é muito importante. A gente precisa muito de renda e é isso que fixa o homem e as famílias no campo”.
Assim como o leite, a produção de café também está bem capilarizada no Estado. São quatro regiões produtoras importantes: Sul de Minas, Cerrado, Matas de Minas e Chapada. Elas estão produzindo grandes volumes de café, mas, principalmente, avançando na qualidade especial dos grãos.
“Com alta produtividade e produção de bebidas boas, o café tem papel fundamental no campo, empregando e gerando muitas riquezas para o Estado. O mais importante é a melhoria da qualidade do café mineiro nos últimos 10 anos. Somos grandes exportadores de café de muito boa qualidade e que se iguala aos melhores do mundo, especialmente, aos da Colômbia”.
Outro diferencial, segundo Pitangui, é a variedade. “Temos o maior volume de café do mundo, com qualidade e diversidade. Como estamos em micro e macrorregiões, temos cafés diferentes em cada uma das regiões”.
Ele destaca também a importância da produção de carnes bovina, suína e de frango. E produtos que são tradicionais, como a cachaça, que vem ganhando maior espaço no mercado mundial.
De acordo com o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Minas Gerais exportou, entre janeiro e novembro de 2022, cerca de 378 mil litros de cachaça – volume que supera em 86% o volume embarcado em igual intervalo de 2021. No mesmo período, a movimentação com as exportações de cachaça chegou a US$ 2,069 milhões no Estado – alta de 135% frente aos primeiros 11 meses de 2021. O Estado respondeu por 11,2% do valor do Brasil.
Os queijos e as frutas também são destaque. “A nossa produção de queijos já é consolidada e muito conhecida tanto no mercado interno como no externo. Não podemos esquecer das frutas, além do Norte de Minas, onde há produção de banana, limão, entre outros. Temos em outras regiões o morango, a amora, as frutas vermelhas que estão crescendo muito”, acrescenta Pitangui.
A produção de soja e milho, importantes commodities mundiais, está avançando. “Somos também produtores de grãos, as famosas commodities soja e milho estão crescendo e consolidadas no Alto Paranaíba e Triângulo. A produção também acontece no Sul de Minas e está sendo desenvolvida na região Central. Minas está mostrando enorme potencial em ser um grande produtor de grãos”.
Setor sucroenergético tem força no Estado
Com uma produção cada vez mais sustentável, o agronegócio mineiro conta também com um setor sucroenergético forte e a maior floresta plantada do Brasil. Minas tem crescido na produção de cana-de-açúcar e de etanol.
“O etanol é um combustível limpo que, em termos de segurança para o País, é fundamental. Produzimos um combustível que polui menos, é renovável, temos tecnologia nossa de carros flex. Enfim, é um setor muito importante para a economia do Brasil e de Minas. Somos o maior maciço de reflorestamento do Brasil, que gera energia e papel. Minas são muitas mesmo”.
Além dos produtos tradicionais, também há inovações, como a produção de vinhos e azeites de alta qualidade e que já estão conquistando diversos prêmios internacionais.
“São nichos de produção que geram renda aos ecossistemas. São produtos de alta qualidade e que estão ganhando prêmios mundiais”.
Treinamentos e tecnologia são presentes
Para que a produção mineira continue expandindo de forma sustentável e ampliando a variedade e qualidade dos produtos, o presidente do sistema Faemg/Senar ressalta a importância dos treinamentos constantes e a valorização do produtor rural, que é o grande responsável por produzir e alimentar a população.
“É de extrema relevância que a população saiba a importância do produtor rural. A função do Sistema Faemg/Senar é promover os treinamentos e representar o produtor. Nossa segurança alimentar está garantida e não faltam alimentos, o que falta é poder de compra. Estamos fazendo nossa parte e gerando excedentes para exportar e melhorar a balança comercial do Brasil e de Minas”.
Pitangui também ressalta a importância das pesquisas e dos investimentos em tecnologias e inovações. “Vale lembrar que muitos produtos não são naturais do Brasil, como o café, a soja, o milho, os bovinos, as abelhas, mas nós criamos tecnologia própria para um país tropical. Com isso, desenvolvemos uma produção competitiva, tecnificada, com ciência e melhoramento”.
Entre os desafios, o principal é a segurança para continuar investindo e produzindo.
“O setor tem o desafio de saber se a gente pode continuar investindo com tranquilidade dentro das propriedades. Vamos ter segurança, desenvolvimento logístico, apoio para que possamos continuar produzindo? Certamente, do governo estadual, sim. A gente espera que isso aconteça a nível nacional. Estamos fazendo a nossa parte e, isso, ficou muito claro no período pandêmico, quando o agro começou a ser reconhecido porque não faltou comida”.
O agro mineiro em números
Com exportações recordes e uma produção de destaque, o agronegócio de Minas Gerais, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, já responde por 22,6% do PIB mineiro, movimentando cerca de R$ 177 bilhões por ano.
Em relação às exportações, o secretário Thales Fernandes explica que os embarques dos produtos agrícolas e pecuários de Minas, desde março de 2020, vêm batendo recordes mês a mês, frente ao mesmo período de referência do ano anterior. São 35 meses de recordes no comparativo mês a mês dos últimos quatro anos (considerando o período de março de 2020 a janeiro de 2023).
Com uma pauta diversificada e atendendo a demanda de mais de 150 países, o agronegócio de Minas Gerais encerrou 2022 com alta de 45,8% nos embarques, chegando ao faturamento recorde de US$ 15,29 bilhões. Em relação ao volume, que também foi o maior já embarcado pelo setor, foram 13,6 milhões de toneladas de produtos destinados ao mercado internacional – avanço de 9% frente a 2021.
“O agronegócio do Estado vem em uma crescente muito importante nos últimos anos, colhendo os frutos do trabalho. O setor está crescendo porque tem apoio do governo de Minas, os passados e, principalmente, o atual, que tem apoiado muito as indicativas do agro e da Secretaria de Agricultura, que tem a premissa de sempre trabalhar junto com o setor produtivo e privado”.
Dentre os principais produtos exportados, estão o café, com faturamento de US$ 6,9 bilhões e respondendo por 45,6% das exportações do setor. Em segundo está a soja, US$ 3,6 bilhões; carnes, US$ 1,7 bilhão, e complexo sucroalcooleiro, US$ 1,4 bilhão.
“Em Minas, nós só exportamos mais minério do que café. Somos o maior produtor e exportador. De US$ 9,3 bilhões que o Brasil exportou de café, R$ 6,9 bilhões foram daqui. A importância da cafeicultura mineira não é só nas commodities. Temos hoje um valor agregado muito grande nos cafés especiais”.
Thales destaca que a Seapa, em conjunto com as vinculadas – Emater, Epamig e IMA – tem trabalhado para o crescimento do setor, investindo na pesquisa, na assistência técnica e na defesa sanitária.
“Hoje, nós somos os principais produtores de café, batata-inglesa, alho, morango, leite, equinos e florestas plantadas. Somente a produção de café, na safra 2023, está estimada em 27 milhões de sacas. A nossa produção de batata gira em torno de 1,3 milhão de toneladas e a de leite em 9,6 bilhões de litros. Somos grandes produtores também de flores, feijão, cana-de-açúcar, amendoim. No caso do milho, somos o quinto produtor e ainda temos a soja e o trigo, produtos que vêm em um crescente importante”.
Minas é muito mais que café. No caso do alho, segundo a Seapa, a produção gira em torno de 73,9 mil toneladas, representando 44,2% do volume nacional. Também é destaque a produção de ervilha, 2,3 mil toneladas, e 76,6% do volume nacional. A produção anual de pequi gira em torno de 40,7 mil toneladas e Minas responde por 54,8% da safra do Brasil.
Outro destaque é a produção de bovinos – quarto maior rebanho do Brasil. “Em bovinos, tivemos uma vitória histórica com a retirada da vacinação contra a febre aftosa. Isso irá abrir novos mercados e proporcionar uma economia de R$ 700 milhões ao ano para os produtores rurais mineiros, desde o manejo, preço da vacina a problemas operacionais. Vamos atingir mercados antes inatingíveis pela restrição à vacina”, explicou.
Perspectivas para o agro de Minas
O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, explica que os preços das commodities estão valorizados em cerca de 31% em relação aos preços praticados no período de 2014/2016 e a tendência é de manutenção dessa realidade. Segundo ele, a alta se deve aos impactos provocados pela pandemia da Covid-19.
“A pandemia trouxe uma preocupação com a insegurança alimentar e influenciou o aumento da demanda dos países. A tendência é que este cenário favorável ainda permaneça, especialmente em relação à soja e ao milho”.
Ainda segundo o secretário de Agricultura, esta valorização das commodities trouxe impactos positivos para o segmento agropecuário mineiro. “Para se ter uma ideia, em 2019, o PIB do agronegócio mineiro representava 17,7% do PIB estadual. Em 2021, a participação do agro subiu para 22,6%”.
Com a valorização das commodities, a produção de grãos aumentou no Estado, principalmente, de milho e soja.
“O produtor aumentou o plantio de soja e investiu no cultivo do milho 2ª safra, garantindo duas fontes de renda no mesmo período. Os bons preços dos produtos no mercado externo impactaram positivamente o agro mineiro. Com isso, cresceu também a participação do setor agropecuário na economia do Estado”.
A perspectiva é de que esse cenário positivo para os produtos do agro ainda permaneça e os produtores continuem investindo para ampliar a participação no mercado externo.
Diário do Comércio