As chuvas abaixo da média em boa parte do Centro-Sul em novembro atrasaram o desenvolvimento de algumas lavouras de cana e devem limitar o aumento da produtividade da cana na próxima safra (2023/24).
As perspectivas ainda são de melhora do rendimento agrícola em relação à atual temporada (2022/23), em mais uma safra de recuperação após a forte crise climática do ano passado. Em 2021, a sequência de diversas geadas, seca e incêndios quebrou a safra 2021/22 e ainda reverberou sobre a produtividade do ciclo atual. Para 2023/24, os ganhos devem ser menos expressivos do que alguns agentes do mercado esperam.
Uma análise do Sistema Tempocampo, da Esalq/USP, mostra anomalias de precipitação em novembro no interior do Paraná, em boa parte do interior paulista, no Triângulo Mineiro, no sul de Goiás, em regiões de Mato Grosso do Sul e em diversas áreas de Mato Grosso, apenas para citar os pontos onde há cultivo de cana. A redução das chuvas prejudicou o armazenamento hídrico no solo, em particular no interior de São Paulo.
“O início da safra deve ser bom, mas o fim da safra deve ser afetado pela seca de novembro, especialmente na região de Ribeirão Preto”, afirmou o professor Fábio Marin, da Esalq.
O especialista avalia que a produtividade pode crescer entre 5% e 10% na próxima safra, desempenho similar ao registrado entre a temporada passada e a atual. Até o momento, a produtividade da cana colhida no Centro-Sul está 7,3% maior, em 67,9 toneladas por hectare, segundo levantamento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) com uma amostra de 27 usinas.
Para este verão, as previsões meteorológicas indicam chuvas dentro ou acima da média. A exceção deve ocorrer em fevereiro, para quando se esperam menos chuvas em Minas Gerais.
Será o momento em que o fenômeno La Niña deve chegar ao fim, segundo o Escritório de Meteorologia da Austrália, após mais de dois anos em ação. Os modelos avaliados pelo órgão mostram que o sistema ENSO, que identifica a presença de La Niña e El Niño, deve alcançar a neutralidade entre janeiro e fevereiro de 2023.
Valor Econômico