Cooperativas pedem redução de juros e mais recursos para o Plano Safra

Cooperativas pedem redução de juros e mais recursos para o Plano Safra

Representantes da OCB realizaram reunião virtual com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, nesta segunda-feira

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) reforçou, nesta segunda-feira (12/06), os pedidos por melhores condições no Plano Safra 2023/24 ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Em reunião virtual com a participação de 350 lideranças do setor, a entidade pediu juros abaixo de dois dígitos para todas as linhas de crédito rural a partir de julho e elevação do volume de recursos para financiamento da produção agropecuária.

As cooperativas de crédito também solicitaram mais espaço na operacionalização do crédito rural e dos fundos constitucionais. Já as cooperativas agropecuárias destacaram a necessidade de investir em armazenagem.

Fávaro informou aos participantes do encontro que o Plano Safra 2023/24 deverá ser lançado apenas na última semana de junho.

As principais propostas da OCB são para que o plano tenha R$ 410 bilhões em recursos para financiamentos, sendo R$ 125 bilhões para investimentos e os outros R$ 285 bilhões para custeio e comercialização.

A entidade calcula a necessidade de R$ 24,8 bilhões para a equalização de taxas de juros do crédito rural na próxima temporada.

A OCB ainda sugeriu a elevação das exigibilidades de recursos de depósitos à vista, dos atuais 25% para 34%, da poupança rural, de 59% para 65%, e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), de 35% para 60%.

A medida também é defendida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e dentro do governo, com técnicos da Agricultura e do Ministério da Fazenda. A resistência, apurou a Globo Rural, está no Banco Central.

O aumento da exigibilidade é visto como uma garantia de disponibilidade de recursos para o setor. "Sem isso o Plano Safra pode ficar comprometido", disse uma fonte do governo.

Seguro
A OCB ainda pediu R$ 2,5 bilhões para o seguro rural e fortalecimento do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

"Somos responsáveis por 53% da originação agrícola e pela distribuição de 64% dos insumos para a agricultura. Nosso movimento gera mais que desenvolvimento econômico, gera prosperidade. Então, precisamos de um plano que dê condições para nossos negócios fluírem. Estamos crescendo e a política agrícola é fundamental nesse sentido", disse o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, no encontro.

A OCB ainda ressaltou o desafio com o déficit de armazenagem no país perante o crescimento da safra. A entidade cobrou uma linha específica e permanente para a construção de armazéns.

Fávaro disse aos participantes da reunião que os números apresentados pelos cooperativistas estão na direção do que ele planeja para o Plano Safra 2023/24.

"A infraestrutura tem que caminhar na mesma linha da produção, então precisamos investir em armazenagem e como um programa permanente. Estamos buscando essas equalizações também", disse Fávaro na reunião, de acordo com comunicado divulgado pela assessoria da OCB.

O ministro repetiu que o plano vai ser baseado em práticas sustentáveis. "Vamos gradativamente colocar condições para que eles [produtores] adquiram percentuais de compensações como a aquisição de produtos biológicos, a questão trabalhista, o recolhimento de embalagens e outras boas práticas. A sustentabilidade é uma prática de mais de 80% dos produtores e precisamos desmistificar isso para o mundo para termos mais escala", enfatizou.

Estiagem
O ministro disse que o impacto das estiagens recorrentes no Rio Grande do Sul, importante Estado produtor do país, precisa ser resolvido com uma repactuação de dívidas atrelada à adoção de boas práticas no campo.

"Não adianta fazermos uma prorrogação das dívidas do último ano, porque isso passa por uma repactuação atrelada à adoção de boas práticas. Temos que abrir linhas e incentivar os produtores a fazerem calagem, calcário, perfil de solo, entre outras medidas que vão minimizar os impactos das próximas secas (...) Precisamos ainda de linha de crédito e outras políticas para complementar e restaurar a estabilidade dos produtores gaúchos", afirmou.

Fundos Constitucionais
Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB, ressaltou que as cooperativas de crédito podem fazer a diferença na operação dos fundos constitucionais.

"O Nordeste tem tudo para crescer e tenho exemplos dentro do cooperativismo que demonstram que isso é possível. Em Petrolina e Juazeiro temos cooperativas que exportam frutas, então podemos estimular a agricultura sustentável na região se utilizarmos melhor os recursos dos fundos constitucionais que também precisam fazer parte do plano agrícola. Desta forma, alivia-se também a necessidade de mais subvenções", apontou.

Segundo a OCB, Fávaro declarou apoio à operacionalização dos fundos pelas cooperativas de crédito. O ministro ainda solicitou uma sugestão do movimento sobre a criação de uma linha de crédito específica, disse a entidade.

 


GLOBO RURAL