O Sicoob desembolsou R$ 21,4 bilhões em financiamentos para o agro de julho de 2022 até janeiro, 55% mais que no mesmo período da safra passada. O valor liberado é quase igual ao de toda temporada anterior. Desse total, R$ 19 bilhões são das linhas tradicionais do crédito rural e R$ 1,4 bilhão de Cédulas de Produto Rural Financeiras (CPR-F) emitida
“Como esperado, nunca liberamos tanto financiamento como agora”, disse ao Valor o diretor comercial e de canais do Sicoob, Francisco Reposse Júnior. Para alcançar o resultado, a cooperativa ampliou a presença em Estados estratégicos do setor, como Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Com o desempenho, a cooperativa ampliou o market share no mercado de crédito rural para 8,5%. A expectativa é fechar a temporada 2022/23 com a liberação de até R$ 37 bilhões. O ticket médio da instituição está em R$ 224 mil. Considerando apenas o Pronaf, que representa 19% do público nesta temporada, o ticket é de R$ 69,8 mil.
Quase dois terços do montante recorde já liberado, cerca de R$ 14,5 bilhões, foram para custeio, modalidade que está em alta também nos demais bancos e cooperativas de crédito devido à alta nos custos e ampliação da produção no campo. De olho nessa demanda contínua, o Sicoob programou a aplicação dos recursos equalizados com juros controlados ao longo de toda a safra.
“Como houve contingenciamento nas últimas temporadas, nos prevenimos para ter custeio à vontade até o fim da safra”, disse Reposse. Mesmo assim, a cooperativa lançou uma linha de pré-custeio neste mês, com até R$ 5 bilhões disponíveis. A intenção é aproveitar o momento de baixa nos preços dos insumos. O Sicoob aposta que os produtores vão antecipar o planejamento do próximo plantio e precisarão de recursos para garantir a compra antecipada.
O desempenho dos desembolsos para investimentos foi freado pelo saldo menor de recursos equalizáveis distribuídos pelo Tesouro - o que também aconteceu com outros agentes financeiros -, pelos juros mais altos e pelas incertezas macroeconômicas. Mesmo assim, o Sicoob desembolsou R$ 3,5 bilhões nessas operações em linhas próprias e com valores repassados pelo BNDES.
Na semana passada, quando o banco de fomento estatal reabriu o protocolo de alguns programas de investimentos, o Sicoob conseguiu aprovar 340 operações, que somaram R$ 140 milhões. Mas a demanda era muito maior, diz Reposse.
As CPRs são outra aposta da instituição devido à agilidade na liberação dos recursos. A expectativa é desembolsar R$ 3,5 bilhões nesta safra com a emissão da cédula que atende o varejo, explicou o executivo.
O título atende desde os pequenos produtores, para completar suas operações de custeio, com ticket próximo a R$ 7 mil, até operações de longo prazo para financiar o investimento de grandes produtores na reforma de pastagens e compra de máquinas, com a liberação de até R$ 20 milhões.
Reposse Júnior comentou que as feiras agropecuárias, cujo circuito começou esta semana, serão um termômetro do comportamento dos clientes para o restante da safra e o início da próxima. O dirigente não crê em queda de juros em 2023/24, mas observou que essa não tem sido a preocupação dos produtores.
Outro nicho explorado recentemente pelo Sicoob são as operações de comercialização, explicou Raphael Santana, gerente de Agro do Sicoob. Os financiamentos são feitos, principalmente, para cooperativas agropecuárias cujos cooperados produzem café, soja, cana e milho, e a demanda por eles aumenta nesse período de intensificação das colheitas.
O valor passou de R$ 510 milhões, na safra passada, para mais de R$ 1,2 bilhão. Os financiamentos são com recursos livres, sem equalização, captados por DIR (Depósitos Interfinanceiros Vinculados ao Crédito Rural) ou fontes próprias. O Sicoob também tem atuado na modalidade de industrialização, na qual os principais clientes são frigoríficos, com operações de até R$ 30 milhões.
Valor Econômico