Em novo recorde, venda de híbridos e elétricos cresce 50% no trimestre

Em novo recorde, venda de híbridos e elétricos cresce 50% no trimestre

A participação dos carros eletrificados no mercado brasileiro ainda é baixa. Alcançou 3,37% no primeiro trimestre. Mas continua a romper recordes a cada mês. E isso vale para todos os tipos. Seja híbrido, híbrido plug-in ou totalmente elétrico, o carro que, de uma maneira ou outra, usa eletricidade, tem se transformado num objeto de desejo dos brasileiros que podem comprar um.

Com 14,7 mil unidades, a venda de eletrificados de janeiro a março alcançou crescimento de 50% na comparação com o primeiro trimestre de 2022. Março, quando foram vendidos 5,9 mil veículos, foi o segundo melhor mês de toda a série histórica desse segmento, que começou em 2012.

O recorde fica com setembro de 2022, com 6,4 mil. No Brasil, rodam, hoje, 141,2 mil veículos eletrificados, segundo a Associação Brasileira do Veículos Elétrico (ABVE).

Híbridos

Os veículos híbridos convencionais -- que têm um motor elétrico e outro a combustão -- ainda são os mais vendidos. Em 2022, representaram 82,8% das vendas de eletrificados, segundo a Abeifa, associação que representa as marcas importadas.

Mas a ABVE chama a atenção para a ascensão da categoria híbrida plug-in. São carros híbridos que também podem ser carregados na tomada. Permitem, dessa forma, uso mais intenso do motor elétrico, o que traz mais economia de combustível e menos emissões do que um híbrido convencional.

Dos 5,9 mil eletrificados vendidos em março, 36% foram do tipo híbrido plug-in. Uma das vantagens desses carros, que, assim como os puramente elétricos, são todos importados, é nunca deixar o motorista na mão em percursos mais longos caso ele não encontre infraestrutura de carregamento de baterias.

Híbridos flex

Os chamados híbridos flex, que permitem o uso do etanol tiveram o melhor desempenho em março, segundo dados da ABVE. São carros produzidos no Brasil e com preços mais baixos do que os puramente elétricos ou plug-in -- a linha Corolla custa a partir de R$ 180 mil. Já os preços do Volvo XC40, o 100% elétrico mais vendido em março, começam em R$ 330 mil.

Projeção para 2023

A Abeifa estima um mercado de 70 mil híbridos e elétricos em 2023. Isso representa um crescimento de 42% na comparação com 2022. O mercado total de carros e comerciais leves no Brasil não deve avançar além dos 4% ou 5%, segundo previsões da indústria e dos revendedores. Isso significa que a participação dos eletrificados vai aumentar este ano. Ficou com a fatia de 2,5% em 2022.

Mas a continuidade do ritmo de crescimento dos eletrificados dependerá muito do que vai acontecer com o Imposto de Importação. Hoje, carros 100% elétricos são isentos do tributo e, nos híbridos, a alíquota varia até 7%.

Imposto de importação

O governo acena com a intenção de reduzir ou eliminar o benefício, uma ideia que tem apoio dos fabricantes locais. Os importadores defendem um aumento gradual. A alíquota do Imposto de Importação para os veículos a combustão produzidos fora do Mercosul e do México (com os quais o Brasil tem acordo de intercâmbio livre de tributação) é de 35%.

Seja de forma gradual ou não, o aumento do Imposto de Importação tende a abrir caminhos para as montadoras que acenam com a produção de híbridos a etanol. Além de Toyota e Caoa Chery, que já oferecem esse tipo de veículo, grandes fabricantes, como Volkswagen e Stellantis, têm planos no mesmo sentido.

Os carros totalmente elétricos ainda representam uma fatia pequena do mercado. Dos 49,2 mil eletrificados vendidos em 2022, 8,4 mil foram 100% elétricos, ou seja, que dependem de carregamento em tomada. Mas os volumes estão em ascensão. O total de 2022 ficou 95% acima de 2021 e a projeção da Abeifa é chegar a 13 mil em 2023, o que representaria um aumento de 53,7% em relação a 2022.

Otimismo

O otimismo se mantém apesar da expectativa do fim da isenção do Imposto de Importação. Ao divulgar o balanço da entidade na semana passada, o presidente da Abeifa, João Oliveira disse que os veículos eletrificados foram, em grande parte, responsáveis pelas vendas de importados no Brasil, que cresceram 28,8% no primeiro trimestre na comparação com igual período de 2022.

Oliveira defende o aumento do imposto de forma gradual. "Uma política industrial deve fomentar a produção e também conectar o país com o mundo", destacou. Segundo ele, a isenção do tributo ajudou o setor a oferecer as novas tecnologias ao consumidor brasileiro e pode ser até um caminho para a produção de elétricos no país.

 

Valor Econômico