Entidades do setor aprovam Plano Safra

Entidades representativas do agronegócio em Minas Gerais e no Brasil receberam com otimismo o Plano Safra 2022/2023. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Sistema Faemg), Antônio de Salvo, disse ontem que o setor se surpreendeu positivamente com a política pública lançada na quarta-feira (29/07) pelo governo federal.  Já o vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), José Mário Schreiner, afirmou que o plano traz volume recorde de recursos e atendeu às expectativas do setor. Ambos destacaram que as taxas de juros estão compatíveis com as atividades.

O plano disponibilizará para a safra 2022/2023, que começa hoje (01/07), o montante de R$ 340, 88 bilhões em diversas linhas de crédito. O volume cresceu 36% em relação à safra passada. Do total, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao período anterior, enquanto R$ 94,6 bilhões serão para investimentos (+29%).

“O Plano Safra dá ao produtor rural a tranquilidade e a confiança que ele precisa para continuar produzindo e colocando à mesa dos consumidores alimentos baratos e de qualidade. Fomos surpreendidos positivamente com os aportes anunciados e atribuo isso a um trabalho forte e ativo do Sistema Faemg ao longo de todo o processo”, disse.

Salvo avaliou que houve melhoria do acesso do produtor ao crédito rural, assegurada não só pelo aumento nas disponibilidades de recursos, mas também pelo estabelecimento de taxas de juros em níveis favorecidos comparativamente às taxas livres de mercado. “Se considerarmos a taxa básica da economia, Selic, em 13,25%, percebe-se que os valores estão compatíveis com a lucratividade das nossas atividades”.

Entre as linhas disponibilizadas, o Sistema Faemg destacou o incentivo a técnicas sustentáveis de produção no plano, como o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que financia a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas e a adoção de práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais.

Para o Programa ABC, serão liberados R$ 6,19 bilhões, com taxas de juros de 7% ao ano para recomposição de reserva legal e Áreas de Preservação Permanente (APP) e 8,5% para as demais atividades.

Na avaliação da Faemg, as taxas de juros são compatíveis e equilibradas em relação às atividades fomentadas. A entidade também destacou o incentivo à utilização de fontes de energia renovável e ao financiamento de remineralizadores de solo (pó de rocha), que têm o potencial de reduzir a dependência dos fertilizantes importados, também abordados pelo Plano Safra dentro do quesito sustentabilidade.

CNA

No cenário nacional, a CNA também avaliou de forma positiva a política pública. Para o vice-presidente da CNA e presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da entidade, José Mário Schreiner, o plano “é robusto” ao trazer um volume recorde de R$ 340,8 bilhões em recursos para financiar o crescimento da atividade.

Para Schreiner, as medidas anunciadas foram as possíveis diante das dificuldades enfrentadas no momento tanto no Brasil como no mundo, com inflação e taxas de juros altas, além do encarecimento dos custos de produção.

Diante deste cenário, avaliou o vice-presidente da CNA, o desafio agora é fazer com que esses recursos cheguem o quanto antes aos produtores, principalmente os pequenos e médios, para que eles plantem mais uma safra recorde e atinjam a meta de 300 milhões de toneladas.

“O mais importante é que esses recursos cheguem à mão do produtor, para que eles comprem seus insumos, fertilizantes, para fazer um plantio correto, gerando emprego, aumentando o PIB, combatendo a inflação e levando alimentos a todos os 220 milhões de brasileiros”, observou.

Schreiner também destacou as taxas de juros para os pequenos e médios produtores, que ficarão abaixo de dois dígitos, uma das propostas prioritárias apresentadas pela CNA ao governo federal, segundo ele. As taxas serão de 5% e 6% ao ano para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e de 8% para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).

“Poderia ser melhor? Sim. Mas temos de avaliar a taxa Selic, temos de avaliar todo o esforço orçamentário que foi feito por parte do governo federal para poder alocar esses recursos”, ressaltou.

 

Diário do Comércio