Há um novo eixo na ideologia ambientalista: o hidrogênio verde. Pelo andar da carruagem, as pessoas deverão vestir verde, os pensamentos também deverão ser verdes e, em contrapartida, a estupidez será verde de tanto verde ser. Como modismo, o hidrogênio verde é mais um dos muitos que vêm se espalhando neste século XXI e contaminando a humanidade, principalmente os mais jovens, os mais influenciados pela enorme campanha midiática de que o futuro é sombrio.
Comprometida com o ambientalismo e financiada por uma indústria gulosa por mais lucros, parcela da grande mídia promove o hidrogênio verde como um milagre salvador. Todavia, há informações sonegadas à maior parte da população que se contrapõem ao modismo milagreiro.
Leiamos o que revela Frank Lasee, ex-senador por Wisconsin – estado do centro-oeste dos EUA que tinha duas usinas nucleares (uma de biomassa e inúmeras torres eólicas) – e ex-membro da administração do governador Scott Walker. No artigo “A impossibilidade cara de hidrogênio verde de meio período eólico e solar”, publicado no site RealClear Energy no dia 10 de abril deste ano, ele rechaça o milagre. Transcrevo trechos:
“Houve algum novo pensamento dos religiosos anti-CO2. O fato de que o mundo está desesperadamente sem lítio e cobalto para baterias de veículos elétricos, na escala que eles querem forçar, está surgindo para eles. Não há e provavelmente não haverá o suficiente nas próximas décadas para atender à demanda de baterias elétricas. Certamente não é suficiente para baterias elétricas em escala de grade também.
Os alarmistas climáticos não deixaram que os fatos atrapalhassem sua fantasia verde irrealista de evitar a desgraça climática com energia eólica e solar em tempo parcial. Que poderia de alguma forma substituir todo o carvão, petróleo e gás natural que usamos, que nos fornecem 80% de nossa energia. Exceto um enorme problema. As energias eólica e solar produzem pouca ou nenhuma energia 70% do tempo. A eletricidade confiável, em tempo integral e sob demanda, mantém o calor e as luzes acesas quando está escuro e o vento não está soprando. O novo ponto de discussão dos subsídios federais caros, impraticáveis e impossíveis de US$ 9,5 bilhões para o hidrogênio é um gasto desperdiçado.
O hidrogênio verde produzido a partir do vento e da energia solar não é prático e é uma forma muito cara de armazenamento e transporte de energia. O hidrogênio não é um combustível. O hidrogênio deve ser criado; deve ser produzido a partir de outra fonte de energia, assim como a eletricidade deve ser produzida a partir de outra energia. Ninguém está produzindo hidrogênio verde em escala porque é difícil, caro e requer grandes fábricas. Alerta de spoiler: não há excesso de energia “verde” – eólica e solar – para produzir hidrogênio.
O hidrogênio verde requer 13 vezes mais água do que o hidrogênio produzido. A água do mar deve ser dessalinizada primeiro por um custo adicional. Mais água é necessária para o resfriamento. Portanto, é uma boa ideia localizar instalações de hidrogênio perto de água abundante, não no oeste dos Estados Unidos, onde há escassez crônica de água. Então a água deve ser aquecida a 2.000 graus e eletrocutada. Em seguida, o hidrogênio deve ser super-resfriado até quase zero absoluto. Em seguida, é comprimido para 10.000 psi, três vezes o psi de um tanque de mergulho médio. Então você tem hidrogênio comprimido utilizável líquido, superfrio. Este é um processo caro e intensivo em energia.
O problema insuperável desse processo é que ele não pode ser ligado uma hora após o nascer do sol e uma hora antes do pôr do sol, quando os painéis solares fornecem eletricidade. Ou ligado quando o vento sopra e desligado quando o vento para. Sem algum outro dispositivo de armazenamento de energia para armazenar a eletricidade eólica e solar “superproduzida”, produzir hidrogênio verde é impossível. Os custos de construir energia eólica e solar em excesso e, em seguida, adicionar baterias para fornecer um fluxo constante de eletricidade 24 horas por dia, 7 dias por semana para produzir hidrogênio “verde” são astronômicos. E em 25 anos, quando as torres eólicas e os painéis solares se desgastam, ou quando as baterias precisam ser substituídas a cada 10 anos, você precisa essencialmente começar de novo.
Hidrogênio verde soa bem. E existe uma indústria bem financiada para vendê-lo e obscurecer a verdade. Eles têm que encobrir os fatos e enganar as pessoas para que o governo e os investidores treinem para mantê-los no negócio. Não caia no hype [moda] do hidrogênio verde ou rosa. Simplesmente não faz sentido. Aplique um pouco de bom senso e pensamento crítico e você se juntará a mim na oposição a esse desperdício de dinheiro.
O lobby do hidrogênio enganou o Congresso para fornecer US$ 9,5 bilhões para centros de hidrogênio. Mesmo os estados vermelhos que sabem que isso é um problema estão tentando conseguir essa generosidade federal. Porque vai criar empregos com dinheiro emprestado do contribuinte. Lembro que os EUA têm uma dívida de US$ 31 trilhões, com estimativas de que aumentarão para mais de US$ 50 trilhões na próxima década. Esses empregos de hidrogênio durarão apenas enquanto durarem os subsídios. Então, como a revolução solar americana de Obama, eles irão à falência.”
Entenderam a impossibilidade de produção do tal hidrogênio verde? Trata-se de mais um verde para ‘atazanar’ a vida de todos. Apesar do conhecimento científico existente sobre o milagre dos milagres, estas informações não são divulgadas e fica a sensação de que o gás milagroso salvará o planeta e toda a humanidade na próxima semana. Vivemos uma época dominada pela ‘mitomania’.
“E se você olhar, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olhará para dentro de você”. Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX.
*Gil Reis- Consultor em Agronegócio
Agro em Dia
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