StoneX e Esalq elevam estimativas de moagem no país
Os efeitos da histórica quebra da safra sucroalcooleira de 2021/22 no Centro-Sul devem ficar para trás na próxima temporada (2023/24), que começa em abril. O clima regular de 2022 e as chuvas abundantes dos últimos dois meses devem fazer com que a produtividade volte ao normal. A safra ainda estará longe de ser recorde, mas deve assegurar uma oferta mais confortável de açúcar e etanol e ajudar a diluir os custos fixos das usinas.
A consultoria StoneX vai revisar hoje sua estimativa para a próxima temporada, passando a prever um aumento de 5,5% no volume de processamento de cana entre abril de 2023 e março de 2024. A empresa projeta moagem de 588,2 milhões de toneladas no próximo ciclo; na safra atual, foram 542 milhões de toneladas.
A principal razão para o crescimento da moagem deverá ser a recuperação da produtividade. A StoneX estima que a colheita da próxima temporada alcançara uma média de 76 toneladas por hectare um pouco acima da média dos últimos dez anos, de 75,8 toneladas por hectare. “A produtividade reflete mais o clima, e tivemos dezembro e janeiro com muitas chuvas, bem acima da média”, disse Marcelo Filho, analista de açúcar e etanol da consultoria.
O Sistema Tempocampo, da Esalq/USP, também revisou seus cenários e estima produtividade ainda melhor na próxima safra: no cenário intermediário, a previsão é de 77,8 toneladas por hectare, o que representaria um acréscimo de 9% em relação à produtividade que a Conab estima para a safra atual. A projeção foi ajustada ligeiramente para baixo em relação à última estimativa por causa do tempo seco em novembro.
Com isso, a projeção é de aumento de 6% na moagem na próxima safra, para 568 milhões de toneladas. No cenário mais otimista, a moagem pode ir a até a 583 milhões de toneladas, e no mais pessimista, o resultado pode ser praticamente igual ao da safra atual e ficar em 531 milhões de toneladas. Os cálculos, porém, ainda podem passar por ajustes, já que as chuvas desde o início do ano podem acelerar a melhoria da produtividade.
Mais otimismo
Há, por outro lado, estimativas mais otimistas, como a da Datagro, que continua prevendo moagem de 590 milhões de toneladas em 2023/24, com viés de alta, a não ser que a passagem do fenômeno La Niña para El Niño se acelere, disse a empresa a clientes.
Mato Grosso é o único Estado do Centro-Sul onde a produtividade deve cair. “As chuvas atrasaram muito no Estado. Só choveu bem em janeiro, e o canavial demorou a crescer”, disse Fabio Marin, coordenador do Sistema Tempocampo. Já em São Paulo, que lidera a produção sucroalcooleira no país, o volume de cana processado deve crescer 5%, estima.
Ele descarta a possibilidade de haver moagem de cana bisada no Centro-Sul, mas a StoneX avalia que ainda há 300 mil hectares da safra atual a serem colhidos, e que a colheita em 100 mil hectares pode “escorregar” para abril.
O resultado deverá ser o aumento da produção de açúcar e de etanol. A StoneX prevê aumento de 4,9% na produção do adoçante, para 36 milhões de toneladas. Já a estimativa para a produção do biocombustível é de aumento de 3,9%, para 31,5 bilhões de litros.
Valor Econômico