São Paulo tem situação mais crítica para combustíveis

São Paulo tem situação mais crítica para combustíveis

ANP flexibiliza regras de abastecimento em caráter de urgência para tentar minimizar problemas na oferta


Os bloqueios feitos por grupos bolsonaristas em estradas de todo o país desde segunda (31/10) contra o resultado das eleições ameaçam a oferta de combustíveis. Postos de seis estados e do Distrito Federal relataram falta de produtos nesta terça (1/11). [UOL]. Nesta manhã, ainda havia 195 pontos de bloqueios ou interdições, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

— A situação era considerada bastante crítica pelas distribuidoras de combustíveis, disse a diretora de Downstream do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Valéria Lima [Reuters]. Inicialmente, a preocupação maior era com Santa Catarina e Paraná. Mas, no decorrer do dia, São Paulo passou a ser o ponto de maior criticidade.

— Segundo balanço do IBP do início da noite de ontem, interdições restringiam as bases de Paulínia, Barueri, São José dos Campos e São Caetano. O Aeroporto de Viracopos, em Campinas, operava apenas com escolta da polícia militar. E a falta de escoamento de produtos já afetava a produção de refinarias paulistas.

— Em Santa Catarina, houve impacto nos aeroportos, sobretudo em Navegantes, que estava em situação crítica. No Paraná, além do porto de Paranaguá fechado, bloqueios impediam a chegada de etanol anidro e biodiesel na Refinaria Getúlio Vargas (Repar).

— A interrupção das estradas também impediu o transporte de biodiesel do Sul e Centro-Oeste para outros estados. Isso impactou a elaboração do diesel B nos estados do Sudeste, Distrito Federal, Mato Grosso e Pernambuco.

A CNI publicou uma nota ontem, alertando para “o iminente risco de desabastecimento e falta de combustíveis, caso as rodovias não sejam rapidamente desbloqueadas”. Afirmava que há impactos na chegada de trabalhadores aos postos de trabalho e no escoamento da produção.

Em caráter de urgência, a ANP flexibilizou regras de abastecimento para tentar minimizar problemas na oferta. Entre as medidas tomadas pela agência reguladora estão a suspensão da exigibilidade de estoques mínimos pelas distribuidoras e a liberação da cessão de espaços entre distribuidoras e transportadores retalhistas (TRRs).

O Ministério de Minas e Energia está monitorando a situação do setor elétrico e “adotando as ações necessárias junto às instituições envolvidas”. Preocupação é com o abastecimento de térmicas.

Há estoques Varejistas pedem que a população evite uma corrida ao posto, o que piora a situação, reduzindo os estoques disponíveis na ponta.

– “Da distribuidora até o posto, eu diria que de cinco dias a sete dias não há problema. Existe, claro, a situação que as pessoas vão para o posto encher o tanque por medo de ficar sem combustível. Neste caso, este tempo fica reduzido”, explica Smyllei Curcio, Head de Petróleo da StoneX.

– Sem uma uma paralisação estruturada em todo o país, “é difícil que tenhamos um desabastecimento geral. Isso é muito improvável”, avalia. Mas problemas pontuais serão agravados se os bloqueios continuarem.

O movimento também afetou a cadeia produtiva de carnes em alguns estados e a exportação de grãos no porto de Paranaguá (PR). Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), ainda atingiu o transporte de cargas essenciais, como equipamentos e insumos para hospitais, bem como matérias-primas básicas. Reuters

Estados atuam Governadores enviaram policiais militares para combater o movimento, após o STF determinar o desbloqueio das vias, aplicação de multas e prisão. Em alguns casos, os agentes públicos usaram a força para liberar pistas. Houve ainda uma situação inusitada: uma torcida organizada liberou uma via, entre Minas Gerais e São Paulo. UOL

— A ação dos governos estaduais ocorreu como reação à lentidão da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no desbloqueio de vias. O órgão vem sendo acusado de conivência com a ação e mesmo de apoiar os manifestantes.

Bolsonaro fala, mas nem todos escutam Em silêncio desde o anúncio da vitória de Lula no segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi aconselhado a se pronunciar para estancar a ação dos caminhoneiros. Entretanto, mesmo após desautorizar o movimento, manifestantes declararam que iriam permanecer bloqueando vias em São Paulo. Folha

— Em sua curta fala, Bolsonaro agradeceu os votos que recebeu. Afagou os manifestantes, dizendo que eles lutavam contra a “injustiça”, mas condenou os bloqueios, que, segundo ele, são ações típicas “da esquerda”.

 

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