Um Jeep Renegade abastecido com etanol e equipado com um simulador da Bosch percorreu mais de 240 quilômetros nas pistas da Stellantis em Betim, MG, para medir, no conceito poço à roda, qual o total de emissão de CO2. Em paralelo foi comparado, por métricas da sistemista, em tempo real, com a mesma situação de rodagem se abastecido com gasolina brasileira, E27, com um 100% elétrico consumindo energia da Europa e com um 100% elétrico alimentado pela matriz energética brasileira. Os resultados, segundo Antonio Filosa, presidente da Stellantis, comprovam a eficácia do etanol como alternativa para a descarbonização -- melhor, inclusive, do que um BEV na Europa.
* Emissão com gasolina E27 -- 60,64kg CO2eq
* Emissão com BEV matriz europeia -- 30,41kg CO2eq
* Emissão com etanol E100 -- 25,79kg CO2eq
* Emissão com BEV matriz brasileira -- 21,45kg CO2eq
Os números foram apresentados por Filosa ao board global da Stellantis e mais do que justificam o projeto Bio-Electro, que culminará no desenvolvimento de sistemas híbridos flex -- ou híbridos a etanol, quem sabe? O presidente disse que espera que a partir de 2026 a tecnologia esteja mais difundida no País com possibilidades de chegar, também, à Índia.
"Vocês imaginam esses números com a eletrificação? Temos já no Brasil a frota mais limpa do mundo, pois na Europa e na China os elétricos estão entrando só agora."
Para o presidente da Stellantis da América Latina o uso do etanol aliado à eletrificação, em sistemas híbridos flex, é a solução economicamente, socialmente e ambientalmente mais sustentável para o Brasil.
"Temos que olhar para o problema e depois pensar nas soluções. O problema é o excesso de CO2 na atmosfera e, como soluções, temos diversas opções. A eletrificação está longe de ser uma solução brasileira: é europeia, é chinesa, é para a Califórnia. Aqui temos o híbrido flex".
Quando diz isso Filosa pensa na economia e na sociedade. A Stellantis pretende se manter como uma empresa que produz carros com alto conteúdo local, gerando empregos em suas fábricas, seus fornecedores e desenvolvendo a comunidade: "Já disse isto: poderia importar kits da Ásia e montar em uma fábrica em São Paulo. Mas não é essa a nossa intenção".
O planejamento é apresentar, até o fim do ano, a solução do sistema híbrido flex para, aí, iniciar o desenvolvimento dos veículos. Filosa disse não ser necessária uma nova plataforma: é possível produzir nas que estão instaladas no País. Evitou dizer a data exata do lançamento do primeiro modelo, embora tenha deixado transparecer que não deverá ser antes de 2025.
Fará parte, portanto, do próximo ciclo de investimentos que, nas palavras de Filosa, terá "valores superiores à soma de todos os investimentos recém anunciados pelas concorrentes".
Todo o discurso, porém, prevê a fase de transição: inevitavelmente, de acordo com o executivo, a eletrificação chegará no Brasil. Ele admitiu que, no futuro, a Stellantis produzirá carros 100% elétricos para abastecer a América do Sul: "E quando falo em região falo em fábrica no Brasil".
Por André Barros
AutoData Editora - via Agência UDOP