A Stoller Brasil, que foi comprada no fim do ano passado pela Corteva Agriscience, fechou uma parceria com a startup de biotecnologia Symbiomics para pesquisar microrganismos com potencial para desenvolvimento de novos produtos biológicos.
De acordo com o CEO da biotech, Rafael de Souza, a ideia é trabalhar a base de mais de cinco mil microrganismos - e que pode chegar a 12 mil até o fim do ano - para desenvolver seis produtos nos próximos dois ou três anos. “Temos microrganismos que ninguém nunca explorou”, afirma ele.
No planejamento, há produtos para estimular o crescimento, controlar pragas e, até mesmo, interferir na fisiologia das plantas para que sejam mais resistentes a determinadas condições adversas. “Pesquisamos um microrganismo que funciona como antitérmico, fazendo-a transpirar e transmitir água de forma mais adequada. Isso aumenta a produtividade durante a seca em até 30%”, exemplifica.
Souza diz que o sequenciamento genético revolucionou o mercado de biológicos. Onde se imaginava existirem centenas de micro-organismos, foram descobertos dezenas de milhares. Ainda assim, segundo ele, o mercado de bioinsumos tem girado em torno dos mesmos micróbios. “São tecnologias baseadas em conhecimento de décadas atrás”, acrescenta.
A startup Symbiomics foi fundada em 2021 por Souza e Jader Armanhi. Ambos eram pesquisadores da Embrapa e perceberam que era preciso criar uma startup que pudesse avançar mais rapidamente do que o modelo de pesquisa tradicional. “O investimento em biotecnologia no Brasil ainda é pequeno, mas acredito que é a nova fronteira da ciência”, afirma o CEO.
Segundo ele, a única forma de o mundo alcançar as metas de descarbonização e produtividade de forma concomitante é expandindo o uso de biológicos. “Há um movimento global para facilitar o registro e comercialização de biológicos, mesmo em territórios mais restritos”, diz.
No Brasil, o número de registros aumentou significativamente nos últimos anos. Até 2020, havia menos de 50 produtos disponíveis. Apenas no ano passado, foram registrados 112.
Pesquisa da Research and Markets indica que o mercado mundial de insumos biológicos pode chegar a US$ 18,5 bilhões em 2026, o que representaria um aumento de 74% em relação ao faturamento do ano passado, de US$ 10,6 bilhões.
Souza afirma que a parceria com a Stoller, que tem uma participação importante no mercado de biológicos, além de atuar em mais de 56 países, é estratégica para a consolidação de seus produtos.
No começo do ano, a startup captou R$ 10 milhões em uma rodada de investimento com participação da MOV, gestora de fundos de investimentos de impacto socioambiental, e da Baraúna Venture Capital. O laboratório anunciado na época para o período de março e abril deve ser inaugurado em junho.
Valor Econômico