Syngenta amplia aposta em P&D e inovação no país

Syngenta amplia aposta em P&D e inovação no país

Segundo CEO, Brasil está no topo da lista de investimentos em produtos e no desenvolvimento de pesquisas

Abertura de laboratórios, melhorias na fábrica de Paulínia (SP) e parcerias com instituições acadêmicas traduzem a aposta em inovação e desenvolvimento de produtos específicos para o mercado brasileiro da Syngenta Proteção de Cultivos no Brasil - maior unidade de negócios do Syngenta Group, controlado por capital chinês. Para isso, o aporte em ciência será fundamental, disse o presidente global da unidade de negócios, Jeff Rowe.

“O Brasil está no topo da lista de investimentos em produtos e no desenvolvimento de pesquisas internas para identificar o que os produtores precisam”, afirmou o executivo em entrevista exclusiva ao Valor. Com receita de US$ 4,8 bilhões no Brasil em 2022, a Syngenta tem 23,3% do mercado de defensivos do país.

Para viabilizar projetos inovadores e sustentáveis, Rowe, que está no cargo há quase um ano, citou iniciativas da empresa nos últimos três anos, como a Estação Experimental da Syngenta, em Holambra (SP) e a criação da fintech Syde para facilitar créditos a produtores rurais.

Com a movimentação no país, a Syngenta se lança na estratégia de diversificação de serviços. Outra ação foi o lançamento de uma nova plataforma comercial, a Synap, em abril de 2023 para facilitar negociações com os produtores rurais.

O braço de varejo é formado por revendas localizadas na região Sul, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, o que, para Rowe, é uma estratégia para aprender sobre os cultivos do Brasil.

“Fornecemos serviços aos produtores por meio de conexões diretas com eles para poder ajudar a melhorar suas práticas agrícolas. Não é apenas uma oferta baseada em produtos, mas uma forma como interagimos com os produtores”, afirmou ele.

"Conexão com a produção me ajuda a apoiar a direção que empresa está tomando” Jeff Rowe.

Atualmente, a multinacional opera no Brasil com uma fábrica em Paulínia, seis estações experimentais de pesquisa e desenvolvimento e três unidades comerciais.

A empresa não divulga o montante de investimentos nessas iniciativas dos últimos três anos.

Mas, segundo o executivo, a Syngenta direciona “o maior volume de recursos possível para desenvolver produtos específicos ao mercado brasileiro”, como é o caso do inseticida plinazolin, uma molécula de combate a pragas e que pode ser usada em 40 tipos de culturas.

O ativo foi lançado em março no país e não tinha o aval dos órgãos reguladores para comercialização. Ontem, quatro subprodutos à base do inseticida foram aprovados. Segundo a Syngenta, o ingrediente faz parte de um portfólio que atende as peculiaridades agrícolas brasileiras.

Rowe disse que um dos objetivos da multinacional é ajudar a criar “conexões eficientes” entre Brasil e a China, maior fornecedora global de matéria-prima para os defensivos, para melhorar a vida do produtor. “É muito importante que nós usemos a inovação para poder ajudar a melhorar a produtividade da agricultura no Brasil”.

Rowe era presidente da divisão de sementes da multinacional e, no novo posto, quer encontrar soluções com impacto positivo aos agricultores a partir de sua experiência no campo. Ele também é produtor de soja e milho, e considera que isso é um diferencial para o comando da Syngenta Proteção de Cultivos. “A conexão que tenho com a produção agrícola me ajuda a pensar amplamente e a apoiar a direção que a empresa está indo”, afirmou.

Syngenta X Ibama
Em novembro de 2021, em uma inspeção na fábrica da Syngenta, em Paulínia (SP), o Ibama encontrou evidências de uso de bronopol em três produtos, informação que a empresa de defensivos teria escondido dos órgãos de controle. O caso gerou um processo e a multinacional foi multada em R$ 1,3 bilhão. Mas a empresa fez um acordo com o Ibama para pagar R$ 4,5 milhões. O órgão ambiental, contudo, decidiu reabrir o caso e a múlti entrou com um mandado de segurança. Em maio, uma juíza de São Paulo anulou a multa. Sobre o caso, Jeff Rowe afirmou que a empresa se esforçou para atender a todos os requisitos legais e que a situação foi investigada minuciosamente. "Reagimos rapidamente e seguimos”, disse.

 

Valor Econômico