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Representantes da indústria de biodiesel reforçaram ontem, junto ao governo, a defesa de que o segmento tem matéria-prima suficiente para que a mistura do produto no diesel sejam elevada de 10% para pelo menos 12% já no segundo semestre. A medida vem sendo cogitada em alguns setores do governo como forma de garantir o abastecimento de diesel à população.
Líderes da indústria foram recebidos pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos Filo, e outros representantes da Pasta. A decisão pela mudança da mistura, porém, cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), presidido pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Nas contas de uma fonte do ramo, que preferiu não ser identificada, uma elevação de 2 pontos percentuais na mistura, válida por 12 meses, demandaria um processamento adicional de soja de 2 milhões de toneladas. A soja é a principal matéria-prima da produção de biodiesel no Brasil, representando 70% do total. Segundo essa fonte, as indústrias já teriam como aumentar a produção em até 30 dias para atender a essa nova mistura de 12%.
O volume a mais demandado de soja, argumenta, seria baixo ante uma colheita que alcançou 123,8 milhões de toneladas nesta safra (2021/22), segundo as últimas estimativas da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). Ainda tem estoque nas fazendas que não foi vendido.”
A disponibilidade física, entretanto, não significa que alguns volumes já não estejam comprometidos com exportação. Nesses casos, algumas cargas podem ter que ser recompradas por um preço acima da paridade de exportação, segundo outra fonte.
O segmento reconhece que a mudança da mistura traria algum aumento do preço final do diesel, mas argumenta que a medida traria outros benefícios, como geração de empregos e redução do custo da ração, fora as vantagens ambientais e os benefícios à saúde pública associados.
A indústria calcula que, para cada 1 ponto percentual a mais de mistura de biodiesel, o custo adicional aos motoristas seria elevado em R$ 2 bilhões ao ano, mas que os benefícios econômicos e ambientais aumentariam R$ 30 bilhões ao ano.
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