Lucro da FS caiu 47% no 1º trimestre da safra

Lucro da FS caiu 47% no 1º trimestre da safra

Maior produtora de etanol de milho do país, a FS foi atingida pela deterioração das condições macroeconômicas no primeiro trimestre da safra sucroalcooleira atual (2022/23). Com a desvalorização cambial e a alta dos juros entre abril e junho, o resultado contábil do período foi metade do registrado em igual intervalo da temporada anterior, apesar da melhora do resultado operacional.

O lucro líquido da FS recuou 47,2%, para R$ 267,2 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) apresentou um aumento de 28,5%, para R$ 676 milhões. O resultado líquido foi afetado principalmente por fatores sem efeito caixa, já que a desvalorização do real ao longo do trimestre, de 10% - de R$ 4,74 para R$ 5,24 -, teve impacto sobre a marcação da dívida em dólar, com perdas não realizadas de R$ 297,7 milhões.

Já a elevação da taxa básica de juros (Selic) ajudou a aumentar as despesas financeiras no período (com efeito caixa), que somaram R$ 307,3 milhões. Para desafogar a pressão sobre a dívida, a FS realizou ao longo do trimestre refinanciamentos e novas operações para alongar os prazos, como a emissão de uma linha adicional de capital de giro.

Ganhos com DDG
Apesar do aperto financeiro do período, a companhia contornou, em parte, as pressões inflacionárias sobre o custo de produção, sobretudo em meio à alta de preços do milho. O aumento dos ganhos com etanol, DDG (farelo de milho para ração) e com a revenda do grão ajudou a melhorar os resultados operacionais, amenizando a elevação dos custos de seu insumo-chave.

A receita no período, de R$ 1,7 bilhão, foi 42,5% maior que no mesmo período da safra passada. O faturamento com revenda de milho cresceu seis vezes, enquanto as vendas de DDG de alta fibra mais do que dobraram, e as de etanol anidro renderam quase 50% mais.

O spread entre preços médios de etanol e custo do milho atingiu um dos maiores patamares da série histórica de atuação da FS no mercado, R$ 2,62 o litro, mas o cenário projetado até o fim da safra é de reversão desta tendência, dada a desvalorização em curso do biocombustível.

Em meio aos preços elevados do milho, a FS segue antecipando compras, mas os valores do cereal que a companhia receberá na próxima safra já estão maiores. Com 31% do fornecimento garantido para 2023/24, o preço médio travado está 8% mais elevado (R$ 65,12 a saca).

A companhia deve encerrar a safra com sua terceira planta de etanol de milho concluída em Primavera do Leste (MT). Até o fim do primeiro trimestre da safra, a FS investiu R$ 657 milhões na unidade, de um aporte total de R$ 2 bilhões.

Mesmo com o aperto financeiro e os aportes em andamento, a FS continuou irrigando o bolso dos acionistas. A companhia distribuiu R$ 377,5 milhões em dividendos no trimestre - a controladora é a americana Summit Agricultural Group (71% de participação), que tinha obrigações fiscais para cumprir nos Estados Unidos, onde é sediada.


Valor Econônmico