Na Fenasucro, setor aplaude o aumento de preço da gasolina

Na Fenasucro, setor aplaude o aumento de preço da gasolina

Unica avalia que o subsídio da gasolina, cujo preço deixou de acompanhar a paridade de importação e não subia desde 1º de julho, já estava gerando risco de desabastecimento do diesel

O aumento de 16,3% no preço da gasolina determinado pela Petrobras foi bem recebido por representantes da indústria sucroenergética que se reuniram nesta terça (15/8) na abertura da 29ª Fenasucro & Agrocana, feira que envolve toda a cadeia do setor bioenergético em Sertãozinho (SP).

Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), disse à reportagem que o subsídio da gasolina, cujo preço deixou de acompanhar a paridade de importação e não subia desde 1º de julho, já estava gerando risco de desabastecimento do diesel, risco que também chegaria à gasolina.

“Foi uma correção de rota da Petrobras, afinal não faz sentido uma empresa que defende a transição energética subsidiar um combustível fóssil.”
Questionado se acredita que a Petrobras vai voltar a praticar a paridade de preços do combustível com o mercado internacional, Gussi disse que o setor tem confiança no compromisso do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

“Ele esteve há poucas semanas com todos os ministros de energia do G-20 levando uma mensagem muito clara de transição energética, do papel dos biocombustíveis na transição energética e do papel que o Brasil tem nessa transição.”

Gussi, autor do projeto de lei que instituiu o programa do Renovabio quando era deputado federal, destacou a sustentabilidade da produção do etanol e disse que o setor está pronto para avançar na transição energética, mas precisa de regras claras e de estabilidade.

Como exemplos da instabilidade que tem afetado o setor citou as políticas de redução da mistura do etanol na gasolina, a retirada dos tributos da gasolina ocorrida no ano passado e os subsídios do combustível fóssil.

Hugo Cagno, presidente da Udop, disse que é fundamental aumentar a competitividade do etanol, que está com margem reduzida pela política do governo.

“Nosso combustível verde e amarelo é a solução viável para o mundo no curto e no médio prazo.”
Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro e ex-integrante do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), disse que é fundamental haver realismo e transparência no preço da gasolina. Segundo ele, o setor privado não teme a variação de preço e sim a posição errática na intervenção do preço.

Aliança global
Em seu discurso na abertura da feira, Gussi destacou a importância do etanol para a transição energética e disse que vai ser lançada em setembro a Aliança Global de Biocombustível, proposta nascida em Goa, na Índia, com apoio do Brasil e Estados Unidos, que pretende atrair mais países para ampliar a cooperação técnica e tecnológica visando a expansão da produção dos biocombustíveis, a descarbonização do setor de transportes e a transição energética.

“O etanol será cada vez mais necessário no futuro para a descarbonização dos transportes porque muitos países não vão adotar os carros elétricos. A produção de etanol precisará ser 2,5 vezes maior até 2050. Só o Japão vai demandar 3 bilhões de litros.”

Roberto Braun, diretor de Assuntos Governamentais e Regulamentação da Toyota do Brasil, concordou e disse que o Brasil vai precisar investir cada vez mais na matriz dos biocombustíveis porque o caminho da eletrificação no país vai ser bem mais longo que na Europa e Estados Unidos.

A feira
Focada em sustentabilidade, biocombustíveis e energias limpas, a Fenasucro expõe 800 marcas de equipamentos, serviços, soluções, novas tecnologias e tendências para o setor.

A organização espera receber mais de 42 mil visitantes, entre profissionais de usinas, indústrias de alimentos e bebidas, papel e celulose, transporte e logística e distribuidora de energia nos quatro dias de feira, com estimativa de mais de R$ 5 bilhões em negócios.

Neste ano, a Fenasucro criou a Rota da Inovação Sustentável para reconhecer soluções e produtos que tenham a sustentabilidade como foco. Foram selecionadas 12 marcas.

 

Globo Rural