A moagem de cana-de-açúcar na segunda quinzena de abril avançou e ganhou força com um maior número de unidades produtoras em operação. No total do Centro-Sul, a quantidade processada atingiu 23,82 milhões de toneladas, mas ainda assim apresenta retração de 19,72% em relação à quantidade registrada em igual período da última safra, quando foram processadas 29,67 milhões de toneladas. No acumulado de abril deste ano, a moagem totalizou 29,11 milhões de toneladas ante 45,34 milhões de toneladas registradas no mesmo mês de 2021 – queda de 35,8%.
Essa queda se deve ao menor número de unidades produtoras em operação neste início de safra. Até o final de abril, 180 unidades operaram frente a 207 unidades no mesmo período do ciclo 2021/2022. Para a primeira quinzena de maio, outras 57 unidades devem iniciar a moagem no Centro-Sul.
A qualidade da matéria-prima colhida em abril, mensurada em kg de ATR por tonelada de cana-de-açúcar processada, apresentou retração de 7,31% na comparação com o mesmo período do último ciclo agrícola, registrando 108,46 kg de ATR por tonelada colhida.
Em relação a produtividade agrícola, informações preliminares levantadas pelo Centro de Tecnologia Canavieira para uma amostra comum de 30 unidades indicam que no primeiro mês do atual ciclo foram colhidas 81,2 toneladas por hectare, o que representa um ligeiro aumento de 1% no rendimento agrícola observado no mesmo período na safra 2021/2022 (80,4 toneladas por hectare).
“A rápida aceleração do ritmo de moagem e produção no atual ciclo denota a responsabilidade do setor sucroenergético com o equilíbrio do abastecimento energético do País, mesmo em um momento que ainda as unidades produtoras registram uma produtividade agrícola muito discrepante entre os canaviais e uma qualidade da matéria-prima quase 10 quilos de ATR por tonelada de cana-de-açúcar inferior ao da última safra em mesmo período”, destaca Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA.
Produção de açúcar e etanol
A produção de açúcar em abril totalizou 1,06 milhão de toneladas (-50,6%) e 1,49 bilhão de litros (-26,85%) de etanol. Do volume total de etanol produzido, o hidratado alcançou 1,24 bilhão de litros (-21,51%) enquanto a produção de etanol anidro alcançou 242,91 milhões de litros (-45,77%).
Do total de biocombustível fabricado, a produção a partir do milho na segunda quinzena de abril registrou 116,54 milhões de litros de etanol de milho fabricados ante 123,60 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2021/2022 – recuo de -5,71%. No mês, a produção acumulada atingiu 281 milhões de litros – avanço de 17,93% na comparação com a safra passada
Vendas de etanol
Na segunda quinzena de abril deste ano, as unidades produtoras do Centro-Sul comercializaram 1,16 bilhão de litros de etanol, indicando retração de 0,85% em relação ao mesmo período da safra 2021/2022. No mês de abril, por outro lado, houve crescimento de 2,60%, totalizando 2,22 bilhões de litros vendidos, sendo que desse total, 107,03 milhões de litros foram destinados ao mercado externo (+56,87%).
No mercado interno, o volume de etanol hidratado comercializado em abril foi de 1,37 bilhão de litros, com uma queda de 5,52% em relação ao mesmo mês do último ano. Esse resultado reflete a forte retração de 12,58% nas saídas da segunda quinzena, que registraram 696,17 milhões de litros. As vendas domésticas de etanol anidro, por sua vez, totalizaram 735,63 milhões de litros no mês, alcançando aumento de 15,34% na comparação com abril de 2021.
O diretor da UNICA explica que “apesar da queda nas saídas de hidratado em relação as vendas de mesmo período de 2021, o resultado dos últimos 15 dias de abril indica um mercado aquecido com um crescimento de 2,5% nas saídas ante o volume comercializado durante a primeira quinzena do mês”. Esse aumento indica que a possibilidade de escolha do consumidor pelo etanol contribui para o equilíbrio do abastecimento do País. Mesmo nesse momento com uma paridade aparentemente desfavorável, o consumidor tem optado pelo etanol mostrando que a decisão de consumo não é pautada exclusivamente pelo preço, e deve-se levar em consideração os benefícios ambientais e de saúde pública.
A comercialização de etanol destinado a outras finalidades registrou forte aumento de 19,64% na segunda quinzena de abril, totalizando 42,61 milhões de litros. No mês, as vendas alcançaram 81,02 milhões de litros (+11,92%).
“Importante destacar que no mês de abril, mesmo com um volume de etanol carburante comercializado inferior ao do mesmo mês de 2021, a oferta dos Créditos de Descarbonização (CBios) oriundos do etanol foram 12,5% superior, tendo sido lastreados 2,04 milhões de CBios ante 1,81 milhões no período, conforme dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis”, reforça Rodrigues. Esse resultado revela o elevado comprometimento dos produtores ao programa e a eficácia do mecanismo de estímulo a ganhos de eficiência energético-ambiental que já geraram resultados, conclui o diretor técnico da UNICA.
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