A longa e difícil transição – Por Dib Nunes Junior

A longa e difícil transição – Por Dib Nunes Junior

 

Ultimamente, só se falou da queda da produtividade dos canaviais e dos motivos que levaram a isso. Vários fatores são apontados para explicar esse fato, sendo que a crise de preços baixos que levou à redução de investimentos em manutenção e renovação da lavoura e as seguidas estiagens dos três últimos anos são considerados os mais significativos.
Entretanto há outros fatores que também merecem ser destacados pela sua importância e interferências sobre a produtividade dos canaviais, os quais se referem à intensificação da mecanização do plantio e da colheita. Essas práticas cresceram rapidamente em todo o Centro-Sul, onde se produz 87% de toda a cana brasileira. A transição da produção semimecanizada para a mecanização total das diversas fases do processo produtivo ainda é o maior desafio do setor, pois poucas empresas estão conseguindo executar essas operações com qualidade.
O plantio mecanizado saiu dos ínfimos 7% em 2005 para algo próximo de 35% das áreas de renovação e expansão, e a colheita mecanizada, dos 25% para cerca de 80% dos canaviais atuais do Centro-Sul. Devido às crescentes dificuldades impostas ao sistema produtivo da cana-de-açúcar pelas leis, decretos e ações judiciais relacionadas com meio ambiente e, principalmente, às queimadas de cana e após a edição da rigorosa NR31 pelo Ministério do Trabalho (agentes das mudanças), as empresas sucroenergéticas e produtores de cana tiveram pouquíssimo tempo para se adaptar às mudanças necessárias e continuar operando.
Atualmente, o plantio mecanizado tem três modalidades: o completo (sulca, distribui as mudas colhidas mecanicamente, aplica defensivo e cobre a muda), o parcial (que só distribui as mudas colhidas com máquina) e, agora, está surgindo o híbrido, que corta a muda com a colhedora, porém a distribuição se faz manualmente. Em todos três sistemas, há problemas de danos aos toletes, gasto excessivo de mudas e uso de mão de obra ainda elevado no sistema híbrido. Entretanto o que mais preocupa é a elevada quantidade de falhas que o plantio mecanizado geralmente deixa na formação dos canaviais.
O pior de tudo é que essas falhas, na safra 2012/13, podem atingir facilmente 20% da área plantada e se arrastam por cinco cortes. São áreas sem cana e que não produzem nada. Aliás, é sempre importante lembrar que a colheita mecanizada contribui para o agravamento dessa situação, através do pisoteio e do arranquio das touceiras de cana. Tudo isso se reflete na redução da produtividade e no  aumento dos custos de produção. Para minimizar o problema de falhas no plantio mecanizado, deve-se aprimorar a retirada de mudas (que devem ser novas, com menos de 11 meses) e melhorar a qualidade das operações, passando, obrigatoriamente, pela capacitação da mão de obra envolvida no processo.
No caso da colheita mecanizada, as leis e as ações judiciais para eliminação das queimadas apressaram o seu processo de implantação, sem tempo hábil para se realizar adaptações e especialização das equipes. A carência de mão de obra para colheita manual da cana acelerou ainda mais o processo. O número de colhedoras em operação no País já gira em torno de 7 mil máquinas, substituindo por volta de 500 mil trabalhadores rurais. Em menos de sete anos, a colheita mecanizada cresceu mais de 300%.
Isso ocasionou uma falta de pessoal especializado em manutenção e operação das máquinas. A má qualidade dos serviços trouxe um aumento significativo de perdas no campo e nos custos de produção (hoje superior a R$ 73,00/ton  de cana), além de interferir na qualidade da matéria-prima e no stand dos canaviais. Com o aumento da mecanização da colheita, aumentaram as perdas de cana, as impurezas vegetais e as falhas nos canaviais.
Em média, há redução de 6 kg de ATR por tonelada de cana e 5 toneladas de cana por hectare, em relação às médias históricas dos canaviais do Centro-Sul antes de 2008. Para minimizar essas perdas, é necessário investir pesado no aprimoramento da operação das máquinas, na sistematização das lavouras, na redução do tráfego pesado sobre a linha de cana, no planejamento da colheita, na implantação de sistemas de limpeza a seco para retirar, ao máximo, as impurezas minerais e vegetais da matéria-prima. São, todavia, soluções parciais, mas que ajudam muito a melhorar o resultado final.
Essas perdas podem ser reduzidas à metade com essas mudanças, e o setor pode melhorar sua renda em, aproximadamente, R$ 3 bilhões. Não há como resolver em 100% esses problemas, pois há limitações na tecnologia das máquinas, que também precisam ser aprimoradas.
O que se nota no momento é que o setor passa por extraordinária mudança, em que essas recentes tecnologias, no processo produtivo, se mostram gradativas e difíceis de implantar. Essas mudanças devem ser acompanhadas por alterações no processo de preparo do solo, no espaçamento da cultura e de variedades mais adaptadas à mecanização do plantio e da colheita, para elevar os resultados obtidos. Só depois que esse período de adaptação conseguir avançar em direção à qualidade dos serviços e a novas tecnologias de produção é que se espera um ganho significativo na produtividade e na competitividade das empresas canavieiras.
Ultimamente, só se falou da queda da produtividade dos canaviais e dos motivos que levaram a isso. Vários fatores são apontados para explicar esse fato, sendo que a crise de preços baixos que levou à redução de investimentos em manutenção e renovação da lavoura e as seguidas estiagens dos três últimos anos são considerados os mais significativos.

Entretanto há outros fatores que também merecem ser destacados pela sua importância e interferências sobre a produtividade dos canaviais, os quais se referem à intensificação da mecanização do plantio e da colheita. Essas práticas cresceram rapidamente em todo o Centro-Sul, onde se produz 87% de toda a cana brasileira. A transição da produção semimecanizada para a mecanização total das diversas fases do processo produtivo ainda é o maior desafio do setor, pois poucas empresas estão conseguindo executar essas operações com qualidade.

O plantio mecanizado saiu dos ínfimos 7% em 2005 para algo próximo de 35% das áreas de renovação e expansão, e a colheita mecanizada, dos 25% para cerca de 80% dos canaviais atuais do Centro-Sul. Devido às crescentes dificuldades impostas ao sistema produtivo da cana-de-açúcar pelas leis, decretos e ações judiciais relacionadas com meio ambiente e, principalmente, às queimadas de cana e após a edição da rigorosa NR31 pelo Ministério do Trabalho (agentes das mudanças), as empresas sucroenergéticas e produtores de cana tiveram pouquíssimo tempo para se adaptar às mudanças necessárias e continuar operando.

Atualmente, o plantio mecanizado tem três modalidades: o completo (sulca, distribui as mudas colhidas mecanicamente, aplica defensivo e cobre a muda), o parcial (que só distribui as mudas colhidas com máquina) e, agora, está surgindo o híbrido, que corta a muda com a colhedora, porém a distribuição se faz manualmente. Em todos três sistemas, há problemas de danos aos toletes, gasto excessivo de mudas e uso de mão de obra ainda elevado no sistema híbrido. Entretanto o que mais preocupa é a elevada quantidade de falhas que o plantio mecanizado geralmente deixa na formação dos canaviais.

O pior de tudo é que essas falhas, na safra 2012/13, podem atingir facilmente 20% da área plantada e se arrastam por cinco cortes. São áreas sem cana e que não produzem nada. Aliás, é sempre importante lembrar que a colheita mecanizada contribui para o agravamento dessa situação, através do pisoteio e do arranquio das touceiras de cana. Tudo isso se reflete na redução da produtividade e no  aumento dos custos de produção. Para minimizar o problema de falhas no plantio mecanizado, deve-se aprimorar a retirada de mudas (que devem ser novas, com menos de 11 meses) e melhorar a qualidade das operações, passando, obrigatoriamente, pela capacitação da mão de obra envolvida no processo.

No caso da colheita mecanizada, as leis e as ações judiciais para eliminação das queimadas apressaram o seu processo de implantação, sem tempo hábil para se realizar adaptações e especialização das equipes. A carência de mão de obra para colheita manual da cana acelerou ainda mais o processo. O número de colhedoras em operação no País já gira em torno de 7 mil máquinas, substituindo por volta de 500 mil trabalhadores rurais. Em menos de sete anos, a colheita mecanizada cresceu mais de 300%.

Isso ocasionou uma falta de pessoal especializado em manutenção e operação das máquinas. A má qualidade dos serviços trouxe um aumento significativo de perdas no campo e nos custos de produção (hoje superior a R$ 73,00/ton  de cana), além de interferir na qualidade da matéria-prima e no stand dos canaviais. Com o aumento da mecanização da colheita, aumentaram as perdas de cana, as impurezas vegetais e as falhas nos canaviais.

Em média, há redução de 6 kg de ATR por tonelada de cana e 5 toneladas de cana por hectare, em relação às médias históricas dos canaviais do Centro-Sul antes de 2008. Para minimizar essas perdas, é necessário investir pesado no aprimoramento da operação das máquinas, na sistematização das lavouras, na redução do tráfego pesado sobre a linha de cana, no planejamento da colheita, na implantação de sistemas de limpeza a seco para retirar, ao máximo, as impurezas minerais e vegetais da matéria-prima. São, todavia, soluções parciais, mas que ajudam muito a melhorar o resultado final.

Essas perdas podem ser reduzidas à metade com essas mudanças, e o setor pode melhorar sua renda em, aproximadamente, R$ 3 bilhões. Não há como resolver em 100% esses problemas, pois há limitações na tecnologia das máquinas, que também precisam ser aprimoradas.

O que se nota no momento é que o setor passa por extraordinária mudança, em que essas recentes tecnologias, no processo produtivo, se mostram gradativas e difíceis de implantar. Essas mudanças devem ser acompanhadas por alterações no processo de preparo do solo, no espaçamento da cultura e de variedades mais adaptadas à mecanização do plantio e da colheita, para elevar os resultados obtidos. Só depois que esse período de adaptação conseguir avançar em direção à qualidade dos serviços e a novas tecnologias de produção é que se espera um ganho significativo na produtividade e na competitividade das empresas canavieiras.

 

 

Dib Nunes Junior - Diretor-presidente do Grupo Idea