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Quem diria, anos atrás era Jeca Tatu do Mazzaropi. Hoje salvando as contas externas brasileiras. Em meio à pandemia, o total da agropecuária cresceu 15,2% o seu valor bruto da produção, batendo o recorde de R$ 1,192 trilhão. Onde a agricultura cresceu 19,3% e a pecuária 7,6%. Da mesma forma a agropecuária, o dentro da porteira aumenta sua importância e participação dentro do complexo agroindustrial, comércio e serviços do agribusiness.
Soja e milho viraram as culturas campeãs dos preços onde o real desvalorizado e a China e a Ásia compradoras atraem os agricultores de todas as demais culturas por conta do preço da saca multiplicado por 3 quando há um ano comparado.
Os consumidores internos da soja e do milho não gostam nada disso, pois lá vem o impacto em toda a cadeia da proteína animal. Pelo lado da pecuária, a carne bovina foi o grande crescimento, com 14% no faturamento. Então aumenta no campo a busca da integração lavoura e pecuária. A dobradinha dos ótimos preços com acesso a mercados internacionais.
Mas podemos generalizar? Nada no Brasil pode ser generalizável. Temos mais de 5 milhões de propriedades rurais, e 3 milhões delas não acessam tecnologia ou mercados. Temos fragmentação na liderança do agro. Uma parte consciente da responsabilidade social, ambiental e da governança, e outra que considera isso “mi mi mi” é coisa de “Ong” e de concorrentes apavorados conosco. Temos segmentos e nichos ascendentes como agroecologia, biodinâmicos, orgânicos, porém com muita guerra de narrativas, raivas e ódios. Como nunca o “nós contra eles” se esparrama pelo Brasil.
Agora todo mundo quer ir onde o dinheiro está. Setores de comércio e serviços que nunca pensaram no agronegócio agora desenvolvem linhas de produtos e criam departamentos voltados ao setor. Até a Magalu já está vendendo sal mineral para a boiada, as 5G’s estão todas com a agropecuária, encantadas e até o afortunado Bill Gates se transforma no maior agricultor dos Estados Unidos. Quem diria “Microsoft”, sem contar os “nerd farmers” do MIT.
Rainha agricultura que nos valha enquanto todas as lideranças do país não se entendem e tudo se atrapalha.
*José Luiz Tejon é jornalista, publicitário, professor convidado CEAG FGV/PENSA/FEA-USP/INSPER/Fundação Dom Cabral. Coordenador acadêmico do programa FAM – Food & Agribusiness Management na Audencia Business School de Nantes, na França. Professor coordenador do Agribusiness Center da FECAP – São Paulo. Doutor em Educação pela UDE/Uruguai, mestre em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie, com especializações em Harvard, Pace University, MIT e INSEAD nas áreas de Marketing, Vendas, New Mídia, Agribusiness e Liderança.