Presidente da Abag destaca benefícios econômicos e sociais do setor, mas alerta que é preciso produzir preservando de verdade os ecossistemas e biomas
O agronegócio é o coração do Brasil. Podemos relacionar o setor com este órgão, responsável por bombear o sangue oxigenado e os nutrientes pelo organismo humano, garantindo seu funcionamento pleno. O campo nacional gera riquezas, emprego e renda, garantindo alimentos seguros e de qualidade à população, além de fornecer outros produtos necessários à vida moderna.
A vitalidade é tamanha que, em 2020, em meio à pandemia da Covid-19, o setor cresceu 2% em relação a 2019, enquanto as demais atividades, infelizmente, fecharam com dados negativos e até quase sucumbiram. Para este ano, espera-se um faturamento recorde de R$ 1,173 trilhão, somente da porteira para dentro, o que representa uma alta de 15,8% ante 2020.
A fantástica atuação e a forte competitividade em âmbito internacional são retratadas nas exportações. Em abril, o Brasil registrou um superávit de US$ 10,3 bilhões, maior resultado positivo desde 1989. Do total de US$ 26,4 bilhões exportados, o agro nacional respondeu por uma parte relevante, tanto é que as vendas externas cresceram 44,37% em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
Contudo, da mesma forma que o coração requer cuidados regulares, pois uma pequena anomalia pode causar efeitos danosos e até irreversíveis, o agronegócio precisa também tratar de um fator que vem ferindo os produtores rurais, os profissionais e as empresas integrantes da cadeia produtiva: a reputação e a imagem perante aos consumidores, investidores, compradores, enfim, ao mundo.
Para nós, que vivemos o agronegócio, é fácil reconhecer, enumerar e elencar todos os benefícios sociais, ambientais e econômicos trazidos por nossa atividade.
Entretanto, se não houver uma convergência de nossa realidade com as ideias e conceitos do público externo, o trauma causado pela falta de conhecimento acerca do que tem sido feito no agro brasileiro poderá crescer, levando à perda de competitividade, à fuga de investidores e à dificuldade em expandir ou abrir mercados. E pior: ao desencanto de quem produz e vive da terra.
Desse modo, a comunicação de nosso setor com os públicos de interesse precisa ser mais eficiente e mais fluida, para evitar obstruções que impeçam a compreensão de que o agronegócio é patrimônio de todos os brasileiros. É o coração que pulsa ininterruptamente em benefício da sociedade.
E, isso, passa, claramente, por uma mensagem cada vez mais direta sobre como estamos preservando de verdade os diversos ecossistemas e biomas, em especial a Amazônia, o nosso pulmão que compartilhamos com o Planeta.
Mais do que garantir ar puro, a Amazônia também permite estimular o desenvolvimento da bioeconomia, liderada pelo agronegócio, uma verdadeira transformação do sistema de produção mundial, aliando o tripé da sustentabilidade de maneira plena.
Nesse caminho disruptivo, será possível reunir biomas e florestas conservadas, diminuindo impactos decorrentes das mudanças climáticas, com crescimento econômico e social regional e nacional.
Coração e pulmão trabalham em sintonia para que todas as células recebam o oxigênio e os nutrientes necessários para a vida. É assim também com o agronegócio brasileiro e o meio ambiente. O agronegócio busca a preservação dos biomas, ao mesmo tempo, que amplia sua produtividade para levar a riqueza e o alimento para a mesa dos brasileiros e para o mundo.
*Marcello Brito é presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)
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