Aviação agrícola voa acima da tempestade na pandemia - Por Castor Becker Júnior

Aviação agrícola voa acima da tempestade na pandemia - Por Castor Becker Júnior

Segundo a revista Forbes, enquanto a aviação comercial no mundo amarga uma previsão de cortes drásticos em empregos para equilibrar as contas em 2021, nos Estados Unidos, a aviação agrícola segue voando segura sob a tempestade. Mais ou menos como no Brasil, já que – aqui e lá – o setor aeroagrícola foi considerado atividade essencial…

Segundo a revista Forbes, enquanto a aviação comercial no mundo amarga uma previsão de cortes drásticos em empregos para equilibrar as contas em 2021, nos Estados Unidos, a aviação agrícola segue voando segura sob a tempestade. Mais ou menos como no Brasil, já que – aqui e lá – o setor aeroagrícola foi considerado atividade essencial durante a crise da pandemia da Covid-19. “A agricultura tem que acontecer, aconteça o que acontecer”, comentou, na reportagem norte-americana, o piloto Scott Palmer, da Inland Crop Care, em Pullman, Estado de Washington.

Tendo como fonte a Associação Nacional de Aviação Agrícola do país (NAAA, na sigla em inglês), a Forbes cita que a média voada por aeronave agrícola nos Estados Unidos em 2020 foi de 274,5 horas, contra 329,1 horas em 2019. Porém, em 2018 a média havia sido de 278,2 horas voadas por aeronave. Conforme a NAAA, existem por lá cerca de 1.560 empresas de aplicação aérea e 2.028 pilotos agrícolas, para cerca de 3,6 mil aviões e helicópteros atuando em lavouras.

A diferença entre a aviação agrícola e a comercial fica clara no relatório divulgado no final de outubro pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Segundo o documento, em todo o mundo, a aviação comercial teria que fazer cortes de 40% a 52% apenas para empatar as contas em 2021. O que significa 1,3 milhão de empregos em risco. “O quarto trimestre de 2020 será extremamente difícil e há poucos indícios de que o primeiro semestre de 2021 tenha melhoras significativas, enquanto as fronteiras permanecerem fechadas e as quarentenas de chegada permanecerem em vigor”, comentou o diretor-geral da Iata, Alexandre de Juniac.

BRASIL

Em terras e céu brasileiros, a aviação agrícola não demitiu e ainda espera crescer 3% este ano, em termos de frota. O País tem a segunda maior frota mundial (atrás apenas do Tio Sam), com 2.280 aeronaves – projeção de 2.350 para o início de 2021. Enquanto isso, na aviação comercial o Brasil teve um baque de 91% menos voos em abril (o pior mês nos últimos 75 anos), por conta da pandemia. Porém, em outubro já tinha passado de 180 para 1 mil voos diários – quase metade dos 2 mil a 2,3 mil voos diários do pré-pandemia, o titular da Secretaria Nacional da Aviação Civil (Sac), Ronei Saggioro Glanzmann.

A declaração de Glazmann veio no lançamento do 5º Anuário Brasileiro de Aviação Civil, do Instituto Brasileiro de Aviação (IBA), em 22 de outubro. Na mesma cerimônia, via web, o diretor-geral da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Flávio Pires, comentou que, na aviação geral, o baque da pandemia foi de 55% menos voos. Desempenho um pouco melhor porque além do agrobusiness, contabilizou-se aí também a necessidade de atendimento aéreo em áreas críticas pela pandemia, tanto no transporte de pacientes (especialmente entre o Norte e o Sudeste do País) e o envio de forças de segurança para zonas onde o Estado precisou se fazer mais presente.

Por último, o Anuário de Aviação Civil também apontou que atualmente são 270 empresas de aviação agrícola atuando no Brasil. Três a mais do que o último levantamento do Sindag, no início de 2019.

Castor Becker Júnior é jornalista formado pela Unisinos de São Leopoldo (RS), com especialização em Planejamento em Comunicação e Gestão de Crises de Imagem pela PUC/RS. Atuou por 14 anos em jornal diário, exercendo as funções de fotógrafo, repórter e editor assistente. Sócio da empresa C5 News Press, desde 2008 é encarregado da assessoria de imprensa do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). Também assessorou por 12 anos o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), tendo participado de diversos projetos ambientais da entidade e com várias publicações sobre o tema. Também atuou em rádio comunitária e foi diretor de Comunicação da antiga Federação Sul-Riograndense de Bombeiros Voluntários.