O Brasil chegará em Glasgow, Escócia, para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - COP-26, exibindo a utilização em larga escala de biocombustíveis, com infraestrutura de distribuição instalada em um pais continental e tecnologia veícular para a sua utilização. O programa RenovaBio, transformado em lei em 2018 e implementado em 2020, cria estímulos para que produtores de biocombustíveis aumentem a eficiência ambiental e a sua contribuição para mitigar emissões de GEEs. Além disto, incentiva o crescimento da cogeração de eletricidade a partir do bagaço e da palha de cana, além da produção e utilização do biogás e do biometano.
Vários países estão aumentando o uso de biocombustíveis, entre eles EUA, Colômbia, Tailândia e mais recentemente a India, que anunciou o objetivo de atingir 20% de mistura do etanol em sua gasolina até 2023, criando estímulos para o carro flexfuel.
O Governo Federal anunciou o programa "Combustível do Futuro" para unificar políticas como o RenovaBio, Rota 2030 e Proconve, visando novas reduções nas emissões veiculares e desenvolvimento de tecnologias inovadoras. O ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, em recente reunião do Conselho Superior do Agronegócio na Fiesp, ressaltou que o programa dará maior eficiência à implementação da politica energética para transporte no Brasil, na qual os biocombustíveis tem relevante papel.
Durante a COP, o Brasil terá a oportunidade de mostrar como a adoção destas políticas de Estado voltadas para os biocombustíveis vêm fortalecendo a posição do País como "um dos líderes em transição energética". Esta classificação foi atribuída ao Brasil recentemente pela ONU. Na COP 26, nenhum compromisso na pauta ambiental e econômica parece ser tão urgente quanto a redução das emissões de GEEs no setor de transporte veicular, responsável por cerca de um quinto das emissões globais de CO2. Este tema ganhará ainda mais força, visto que automóveis leves representam quase a metade do CO2 emitido no modal rodoviário.
Um estudo da Universidade Tsinghua, da China, demonstra que a energia local, baseada no carvão, emite de duas a cinco vezes mais componentes químicos do que os automóveis com motores a gás. Acrescentemos que, em comparação com os carros elétricos chineses, os veículos brasileiros a etanol emitem muito menos CO2, vantagem que se estende às comparações com os veículos elétricos europeus.
O desmatamento ilegal afetou a imagem brasileira e providências urgentes são necessárias para a resolução do problema. Junto com a boa gestão diplomática, o Brasil demonstrará, em Glasgow, possibilidades concretas de honrar os compromissos em sua NDC - Contribuição Nacionalmente Denominada. Somando-se estas medidas aos dados convincentes da nossa política de biocombustíveis, é justo supor que o Brasil poderá, na COP-26, fortalecer o seu protagonismo ambiental, tornando-se exemplo a ser copiado.
*Jacyr Costa Filho, Presidente do COSAG- o Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e sócio da Agroadvice.
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