Brasil x Israel: Entenda por que a crise diplomática não deve afetar o agronegócio

Brasil x Israel: Entenda por que a crise diplomática não deve afetar o agronegócio

O mal estar causado pelas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante viagem ao Egito, sobre a guerra entre Israel e Palestina, deve permanecer no campo político, segundo analistas ouvidos pelo Agro Estadão. A avaliação é de que ainda é muito cedo para refletir negativamente nas relações comerciais entre os dois países, consideradas moderadas.

Em coletiva à imprensa realizada na capital da Etiópia, Adis Adeba, Lula comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus pela Alemanha. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente.

No mesmo dia, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, usou as redes sociais para defender o presidente Lula. “O presidente nunca deixou dúvidas do posicionamento contrário do nosso Brasil ao terrorismo. A soberania de uma Nação deve ser sempre respeitada. Ataques terroristas não podem ser admitidos” escreveu.

A partir da fala do presidente Lula, o governo de Israel declarou o presidente do Brasil como “persona non grata” e o Itamaraty correu para amenizar a crise diplomática. Uma das medidas foi a determinação para o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, voltar imediatamente ao país. Ele deixou Tel Aviv nesta terça-feira, 20.

O consultor de comércio internacional e ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, acredita que é improvável um impacto comercial, porque existe um acordo de livre comércio entre Mercosul e Israel.

“Além de ser uma relação estável e relativamente pequena, Israel tem mais a perder. Existe um superávit grande de equipamentos importados pelo Brasil. É claro que no médio prazo, teremos que renovar certificados sanitários, e o país vai precisar de uma certa boa vontade do governo israelense”, avalia.

Brasil compra fertilizantes e defensivos de Israel
Recentemente, Israel abriu o mercado para a carne de aves do Brasil. Mas as vendas não se concretizaram até agora, e por isso, o impacto da crise diplomática entre os dois países é considerado zero para o setor. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, até dezembro do ano passado, haviam sido enviadas 150 toneladas de carne de aves in natura.

O Brasil exporta principalmente petróleo, soja e carnes para Israel, que somaram US$ 661,8 milhões em 2023. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Brasil importou US$ 1,35 bilhão em produtos israelenses, principalmente fertilizantes e defensivo.

Em janeiro deste ano, o Brasil exportou US$ 115,9 milhões para Israel, e importou US$ 63,9 milhões.

 

Por Fernanda Farias
Estadão Agro