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A BSBios, que possui duas usinas de biodiesel na Região Sul, do empresário Erasmo Carlos Batistella, realizou uma primeira remessa de biodiesel para o Nordeste. Foram embarcados 4 milhões de litros do biocombustível através de cabotagem do porto de Paranaguá, no Paraná, até o porto de Suape, em Pernambuco, em uma operação realizada pela companhia em Pernambuco, em uma operação realizada pela companhia de logística Norsul.
A viagem, que durou 14 dias, marcou a inauguração da rota de transporte de biodiesel entre as duas regiões. A carga será fornecida para três distribuidoras de combustíveis que atuam nos mercados nordestinos.
O volume embarcado, que atualmente é misturado a 90% de diesel fóssil antes de ser vendido aos motoristas, contribuiria para abastecer o equivalente a um mês de consumo de diesel de um Estado como Rio Grande do Norte, por exemplo.
A operação rompe com a dinâmica regional que marca hoje o mercado de biodiesel. Até então, a BSBios vendia seu biocombustível apenas para as regiões Sul e Sudeste, tendo o Estado de São Paulo como principal destino de seu produto.
A negociação com o Nordeste foi possível com a liberalização do mercado de biodiesel, que passou a valer a partir deste ano, segundo Batistella. Até o ano passado, a comercialização de biodiesel era realizada através de leilões regulados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e participação da Petrobras.
“Apesar de ainda termos a questão envolvendo a compensação do ICMS, não adotado em todos os Estados, e a redução da mistura [do biodiesel no diesel], o atual ambiente de negociação permite criar soluções customizadas de logísticas e de qualidade do produto, dentro das especificações, para as distribuidoras”, afirmou o empresário e CEO da companhia. Ele disse que a livre comercialização de biodiesel permite a redução dos custos e aumenta a eficiência das negociações.
A BSBios espera agora realizar novas vendas ao Nordeste com a rota marítima inaugurada pela Norsul. “Esta foi uma primeira experiência e serviu para analisar as condições de planejamento, o cenário portuário, a performance da operação, além dos benefícios da logística com a neutralização das emissões de CO2”, disse Leandro Luiz Zat, diretor comercial da companhia.
Em sua avaliação, a operação foi “bem-sucedida” e deve se repetir com volumes maiores e atendendo a mais interessados pelo produto na região. A Norsul também tem a expectativa de que o transporte de biodiesel por cabotagem ganhe espaço no mercado.
“Historicamente, este transporte tem sido realizado via modal rodoviário e, ao trazê-lo para cabotagem, além da redução na emissão de gases de efeito estufa, fomentamos negócios entre regiões do Brasil que até então não eram viáveis devidos aos altos custos logísticos”, disse Gustavo Paschoa, diretor de Novos Negócios da Norsul.
A empresa atua hoje com transporte de biometano, combustíveis e outras cargas líquidas.
O transporte do biodiesel da BSBios para o mercado é feito atualmente por rodovias e ferrovias. No ano passado, 41% de sua produção de biodiesel foi transportada sobre trilhos, o que, segundo Zat, já evitou a emissão de 8,9 mil toneladas de carbono caso o transporte tivesse ocorrido no modal rodoviário. Toda a produção de biodiesel de sua unidade em Passo Fundo (RS) até o centro de distribuição em Araucária (PR) é realizado por ferrovias desde 2013.
Nesta operação por cabotagem, as BSBios e a Norsul utilizaram créditos relacionados à preservação de mata nativa e de biometano produzido em aterros sanitários para “neutralizar” as emissões de carbono da viagem.
A Norsul realiza desde 2020 a compensação das emissões relacionadas às viagens que opera, seja por mar, ferrovias ou rodovias, através de uma parceria com a Biofílica, especializada em projetos de carbono florestal. Desde então, a empresa já neutralizou 450 mil toneladas de carbono.
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