Cana: Depois da seca prolongada com impactos para safra 21/22, preocupações se voltam para geadas - Por Ricardo Delarco

Cana: Depois da seca prolongada com impactos para safra 21/22, preocupações se voltam para geadas - Por Ricardo Delarco

Produtor detalha que previas quinzenais em cerca de 33 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na nova temporada sugerem que produção não deve passar de 500 milhões de t; qualidade começa a preocupar

A safra 2021/22 de cana-de-açúcar deve ser fortemente impactada pela seca prolongada nos últimos meses em várias áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil, segundo estimativas de consultorias e relatos de produtores envolvidos no setor sucroenergético. Além do clima, nesta semana, a atenção dos produtores também se mantém voltada para a previsão de geadas.

“A geada é muito preocupante porque afeta o sistema fisiológico da planta, podendo levar até a morte... Hoje, nós também já estamos tendo uma inversão da qualidade da matéria-prima. Antes, tínhamos quase dois quilos de ATR a mais do que no ano passado, mas já começamos a inverter isso”, diz Ricardo Delarco, agrônomo e canavicultor da região de Monte Azul Paulista (SP).

Esse cenário, segundo o produtor de cana, é reflexo da condição climática adversa para as lavouras nos últimos meses. Nem mesmo as chuvas dos últimos dias têm potencial de amenizar as perdas, na visão de Delarco. “A cana, nessa época, perde dois milímetros de água por dia, ou seja, em 30 dias são 60 milímetros, e as precipitações recentes não passaram de 15 mm”.

Para Delarco, considerando os dados quinzenais prévios de moagem de cana no Centro-Sul, a nova temporada na região pode não chegar a 500 milhões de toneladas. “Se de agora até final de outubro ou começo de novembro mantiver os 33 milhões de t ou um pouco a mais, a safra com certeza vai ser menor do que 500 milhões de t no Centro-Sul”, detalha o produtor e engenheiro.

Depois de início lento de safra, a colheita tem avançado mais expressivamente nos últimos dias no Centro-Sul do país, segundo Delarco. Em relação aos preços, segundo o produtor, eles seguem favoráveis. “Os preços são muito altos no spot refletindo a grande quebra que vamos ter, entre 20% a 22%, e não 7% como estão falando”, destaca.

*Ricardo Delarco - Eng. Agrônomo e Produtor de Cana da região de Monte Azul Paulista/SP 

 

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