Ciclo de alta adiante? – Por Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado futuro de açúcar em NY teve um fechamento auspicioso nesta sexta-feira. O vencimento maio/2016 encerrou a terceira semana de alta consecutiva cotado a 15.18 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de 35 pontos na semana, ou quase oito dólares por tonelada. Os altistas estão em polvorosa, bastante animados com a recuperação do mercado. Como dissemos aqui, esse fortalecimento, no entanto, precisa ser validado pelo mercado físico cuja demanda sofreu uma paralização após a entrega de açúcar da bolsa na expiração do contrato com vencimento março. Os prêmios para embarque imediato ainda não demonstraram a robustez necessária para a consolidação desse movimento de alta.
A possibilidade de mais chuvas no início do período de moagem no Centro-Sul deverá fortalecer os spreads uma vez que o atraso faz com que as tradings recomprem suas posições com vencimento mais longo trazendo-as para vencimentos mais curtos, quando o açúcar será mais demandado. Fique atento a essas movimentações.
Alguns dos fatores exógenos que contribuíram para que o mercado futuro de açúcar alcançasse o fundo do poço a 12,45 centavos de dólar por libra-peso, foram o preço do petróleo no mercado internacional derretendo e o real despencando em relação ao dólar. Ora, isso mudou. O real valorizou-se em relação ao dólar em função do aumento considerável da probabilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff e da prisão do seu criador, o ex-presidente Lula e o petróleo subiu 15% no acumulado do mês.
Segundo o economista Sérgio Vale, da MB Associados, “com as novas descobertas e delações da operação Lava-jato e o declínio político do ex-presidente Lula, a presidente Dilma se encontra isolada”. “A ideia de que a mudança política virá já traz os esperados impactos positivos em câmbio e bolsa”, e segundo ele, “haveria espaço para queda adicional de 10% da taxa de câmbio, o que significa que ela pode chegar a R$ 3.2500 se todo o risco político diminuir. Assim, ainda há gordura política para queimar na taxa de câmbio”.
Caso venha a se concretizar a linha de raciocínio exposta pelo economista, assumindo que o valor mais baixo que vimos recentemente do açúcar em NY convertido pela taxa do Banco Central foi de R$ 1.140 por tonelada, então com o dólar a R$ 3.2500 o chão do mercado de açúcar em NY seria de 15.29 centavos de dólar por libra-peso. Esse pensamento corrobora a percepção que os fundos têm sobre ficarem comprados no açúcar quando a commodity visitou recentemente a área de 13 centavos de dólar por libra-peso. O risco era muito pequeno.
Acredito que lentamente vamos começar a ver um ciclo de alta no preço mundial da commodity. Além do mais, simulações feitas pela Archer para produção e consumo mundiais nos próximos 2-3 anos apontam com razoável possibilidade que continuemos a ter déficits. O consumo de açúcar no mundo cresce a uma velocidade maior do que os países produtores são capazes de aumentar sua oferta. O Brasil, como um dos principais produtores, vê sua oferta de ATR diminuindo pelo quarto ano consecutivo além de ínfima perspectiva de expansão. Não é surpresa, portanto, que tenhamos constantes déficits (ainda que pequenos) nos próximos anos.
Outro fator relevante é o custo de produção do Brasil e de seus concorrentes. Hoje, a estimativa da Archer para os custos de produção da Tailândia é de 15.10 centavos de dólar por libra-peso e da Índia é 24.47 centavos de dólar por libra-peso. Austrália tem um custo de 11.90 centavos de dólar por libra-peso e o Brasil 11.25 centavos de dólar por libra-peso.
Mudando de assunto, verificamos que existe uma alta correlação entre os preços médios de açúcar negociados em NY no trimestre outubro/novembro/dezembro e aqueles negociados no trimestre seguinte, ou seja, janeiro/fevereiro/março. A aderência resultante analisando os últimos 15 anos é de 0.9731. Desta forma, baseando-se no preço médio ocorrido no último trimestre de 2015, de 14.58 centavos de dólar por libra-peso, o preço médio para o primeiro trimestre de 2016 seria de 14.70. Como a média de janeiro e fevereiro, meses já encerrados, foi de 13.80, março teria que encerrar na média em 16.48 centavos de dólar por libra-peso para atender à correlação demonstrada.
A sétima estimativa do volume de açúcar para a safra 2016/2017 fixado pelas usinas na bolsa de NY, apurada pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting, é de 19,036 milhões de toneladas de açúcar ao preço médio de 13,62 centavos de dólar por libra-peso, ou seu equivalente em R$ 1.206,25 por tonelada FOB. A estimativa considera as fixações efetuadas até o dia 29 de fevereiro de 2016.
O volume representa aproximadamente uma fixação de 75.78% da safra, considerando a estimativa da Archer de um volume de exportação brasileira de açúcar de 25,12 milhões de toneladas. O dólar médio obtido pelas usinas é de 3,8594 reais. O modelo admite um erro para mais ou para menos de 1.39% do volume e do preço apurados. Comparativamente às últimas quatro safras, o percentual acumulado de fixação de 75.78% para a 2016/2017 é o mais alto já visto. O ano passado, por exemplo, o acumulado nesse mesmo período era de apenas 34.30%.
Neste domingo o Brasil vai às ruas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O governo dela já acabou há muito tempo. Só falta mesmo a esse defunto insepulto vagando sem rumo tal qual um zumbi de Walking Dead, renunciar ou aguardar sua queda. A quadrilha de bandoleiros que tomou conta do país destruiu valores éticos, destruiu a Petrobrás e colocou uma pecha nos brasileiros de bem, aos olhos do mundo, como se todos fôssemos corruptos ou apoiássemos essa camarilha descontrolada.
O que os treze anos de PT prejudicaram o setor sucroalcooleiro, por exemplo, merece um cálculo em separado. Uma dívida que ultrapassa os R$ 100 bilhões sem contar a perda de receita com a interrupção de um ciclo expansionista que permitiu que chegássemos a produzir, em dezembro de 2009, quase 55% de todo o combustível consumido pela frota de veículos nacional, que multiplicaria empregos diretos e indiretos. São verdadeiros cancros que precisam ser extirpados da vida pública nacional.
Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting