Com o fim das férias no hemisfério norte, o que nos aguarda? – por Arnaldo Luiz Corrêa

Com o fim das férias no hemisfério norte, o que nos aguarda? – por Arnaldo Luiz Corrêa

O mercado futuro de NY fechou a semana com uma pequena queda no vencimento outubro/2016, cotado na sexta-feira a 19.99 centavos de dólar por libra-peso em relação à semana anterior. Uma retração de 19 pontos enquanto o vencimento março teve uma retração de apenas 8 pontos. Os demais meses de vencimento fecharam com variações positivas e negativas muito pequenas. Na verdade o mercado não fez muito nesses dois meses em que o volume médio foi ridiculamente baixo. Meses de férias no hemisfério norte. A vida começa a voltar ao normal depois do feriado do dia do trabalho nos EUA. A semana de negociações foi encurtada pelo feriado americano e pelo feriado brasileiro de Independência no dia 7.
Notem que a média de contratos negociados tanto no mês de julho quanto no mês de agosto foi de apenas 87.000 lotes no primeiro e 85.600 no segundo. Uma queda extraordinária se comparada com o mês de junho que negociou em média 191.000 contratos por dia. Setembro já começou com média acima de 180.000 contratos negociados diariamente. Os fundos liquidaram uma parcela muito pequena, cerca de 15.000 lotes numa posição total estimada de 315.000 remanescentes.
O que não ajuda muito é o spread outubro/março que chegou a bater 70 pontos, sinalizando que o mercado físico de açúcar de exportação está fraco e que deveremos ter entrega substancial contra o vencimento do contrato de açúcar base outubro, que expira dentro de 14 dias uteis. Até lá, o movimento do spread nos dará a dimensão da entrega de açúcar.
O padrão de consumo de combustível este ano percebido no acumulado até o mês de agosto indica que deveremos encerrar o ano com o consumo equivalente gasolina de 52.9 bilhões de litros, uma redução de 1.3% em relação à 2015 e deixando praticamente no mesmo patamar o consumo de quatro anos (de 2013 a 2016) muito próximo de 53.3 bilhões de litros anuais. Foi a primeira vez, desde 2004, que o consumo ciclo Otto acumulado de doze meses caiu em relação ao mesmo período do ano anterior. Só para se ter uma ideia do tamanho da recessão que o Brasil atravessa graças à inépcia da presidente afastada, Dilma Rousseff.
No entanto, caso se confirmem as previsões dos economistas de que a economia brasileira deve crescer em 2017 ao redor de 2%, é de se esperar que o consumo de combustível acompanhe esse percentual.
Acreditamos que a safra 2017/2018 (Centro-Sul e Norte/Nordeste), pela análise do consumo global de açúcar e os consumos internos de açúcar e etanol, terá um déficit de pelo menos 30 milhões de toneladas de cana. O mercado internacional não deve ter apreçado em sua extensão o que esse déficit trará para os preços. Ainda é cedo e muita coisa pode acontecer. A pior delas pode ser a trajetória que o preço do petróleo vai tomar no próximo ano: abaixo de 40 ou acima de 60 dólares por barril? Aí reside a equação que pode mudar a magnitude do avanço dos preços do açúcar.
O real continua bastante suscetível ao clima politico nacional, talvez assustado com as manifestações contra o Presidente Temer. A esquerda ainda tem dinheiro para financiar os protestos graças ao assalto que fizeram aos cofres públicos nos treze anos que a quadrilha ficou no poder. Ainda teremos muitos protestos e greves até que o dinheiro dessa súcia acabe.
Para aqueles que pensam em fixação em reais, é imperioso que aproveitem esses espasmos que o dólar tem dado e fixar preços para 2017 e 2018. O recorde de preços no primeiro vencimento (fechamento de NY vezes a taxa do dólar pelo fechamento do Banco Central, vezes 22,0462 – para converter centavos de dólar por libra-peso em dólares por tonelada, mais o prêmio de polarização) foi em 5 de julho: 1,583 reais por tonelada.
Arnaldo Luiz Corrêa é Diretor da Archer Consulting.