Contabilidade de carbono chega na cana

Ao longo de três anos, de acordo com o Rabobank, a contabilidade de carbono foi integrada à indústria canavieira brasileira, uma das maiores do país, que abrange cerca de 9,5 milhões de hectares. Essa indústria gerou receitas de aproximadamente 27 bilhões de dólares recentemente, provenientes da venda de etanol, açúcar e eletricidade derivada de biomassa.

O programa RenovaBio estabeleceu um mercado funcional para certificados de descarbonização (CBios) no setor de combustíveis automotivos do Brasil. Atualmente, 90% da capacidade de produção de etanol do país passa por auditorias e certificações de emissões de gases de efeito estufa (GEE).

O RenovaBio introduziu uma nova fonte de receita, ainda que modesta, para produtores agrícolas e processadores. Essa receita é baseada na avaliação da intensidade de carbono de suas atividades, com maiores recompensas sendo concedidas aos que possuem menor intensidade de carbono por unidade de produção.

Contudo, a implementação desse programa complexo trouxe desafios práticos para os envolvidos nas auditorias do ciclo de vida. Tais desafios incluem desde a coleta de dados e a padronização até a comunicação e o engajamento com produtores independentes, esclarecendo a natureza e os benefícios do programa.

A estreita ligação entre os produtores de cana-de-açúcar e os engenhos tem facilitado a obtenção dos dados de origem da matéria-prima essenciais para o programa. Isso tem sido um desafio em outros setores, onde a cadeia de suprimentos entre os produtores de matéria-prima e os produtores de biocombustíveis pode ser mais longa (por exemplo, etanol de milho ou biodiesel de soja).

O programa é bem-sucedido ao incentivar melhorias nos processos agrícolas e industriais para reduzir as emissões por unidade de biocombustível vendida. Os efeitos projetados na emissão de CBios e nas receitas agora são considerados nas análises financeiras de novos projetos em usinas de cana-de-açúcar.

Contudo, até agora, a receita adicional gerada pelo RenovaBio para os produtores de biocombustíveis não se mostrou suficiente ou confiável o bastante para impulsionar investimentos em novas capacidades, que podem ser necessárias no longo prazo para alcançar os objetivos finais do programa.

Por Leonardo Gottems

 

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