Muito tem se comentado sobre os impactos da pandemia da Covid-19 sobre a economia e como essa crise sanitária sem precedentes nos últimos anos fez com que o mundo buscasse reinventar formas de organização.
Adaptação e resiliência, embora sejam capacidades comuns ao ser humano, foram habilidades exigidas em grande escala, de todos nós, ao longo de 2020 e também nesses sete meses já percorridos de 2021.
Nesse contexto, é importante destacar o papel do cooperativismo que, desde sempre, nos ensina a trabalhar em rede, de modo colaborativo e sustentável, somando esforços para alcançar um resultado que seja bom para todos. Mais que um modelo de negócios, uma filosofia que promove a cultura da solidariedade, gera desenvolvimento, produtividade e impacto social.
Mais ainda: gera prosperidade, espalha riquezas e incentiva o empreendedorismo. Uma cultura que precisa ser cada vez mais valorizada, em especial neste momento em que a economia precisa voltar a crescer, garantindo emprego e renda aos trabalhadores.
Quando pensamos no setor agrícola, a importância do cooperativismo tem uma dimensão ainda maior. Atualmente, 54% de tudo que é produzido no campo passa, de alguma forma, por uma cooperativa. E com os desafios impostos pela pandemia essa realidade não mudou.
Apesar de um período inicial de apreensão, já que não se sabia como os mercados reagiriam, rapidamente as cooperativas perceberam que precisavam dar continuidade ao processo produtivo e, com muita confiança e resiliência, mantiveram suas programações e investimentos que somaram cerca de R$ 12 bilhões em 2020. O faturamento, por sua vez, cresceu 30,5% e as sobras chegaram a R$ 9,6 bilhões, uma alta de 74,5% em relação ao ano anterior.
Os dados fazem parte do Anuário do Cooperativismo 2021, que lançamos no final de julho, e mostram ainda que o país conta atualmente com 1.173 cooperativas agro com mais de 1 milhão de associados, uma alta de 0,9% em relação aos números anteriores.
Além disso, o setor recolheu R$ 8,5 bilhões aos cofres públicos em impostos, valor 30% maior do que o registrado um ano antes. Outros R$ 7,1 bilhões foram pagos em salários e benefícios aos seus 223 mil empregados. O número de funcionários, aliás, também registrou avanço com a criação de cerca de 15 mil novos postos de trabalho em 2020. Outro dado relevante: as mulheres já somam 40% entre os cooperados agro.
A competitividade no agronegócio exige dos produtores uma permanente revisão sobre a maneira como são planejadas e organizadas suas atividades, incluído desde questões operacionais até o relacionamento com fornecedores e clientes.
O modelo cooperativo, neste sentido, oferece o apoio, a confiança e a força para que os produtores, principalmente os menores, consigam exercer um papel efetivamente significativo.
E a confiança talvez seja um dos insumos mais escassos no mundo atualmente. Por isso também, o cooperativismo ganha cada vez mais adeptos e mostra, por meio dos números aqui apresentados, que é capaz de transformar os desafios em força resiliente.
O agronegócio ajudou a reduzir o tombo da economia brasileira em 2020. Junto ao cooperativismo, ele também promete ser o motor de recuperação nos próximos anos.
*Márcio Lopes de Freitas é presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
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