Cresce mercado de máquinas agrícolas usadas no Brasil

Cresce mercado de máquinas agrícolas usadas no Brasil

Com aumento da demanda, preço dos equipamentos subiram até 40% nos últimos anos.

A venda de máquinas e equipamentos agrícolas usados aumentou nos últimos anos, principalmente com a pandemia da covid-19 e a crise de oferta dos microchips, segundo plataformas de compra e venda do segmento. Com a maior demanda, os preços das máquinas também subiram.

“O segmento de usados tem forte tráfego na internet, e também tem muita gente em busca de peças para manutenção”, afirma o diretor de negócios para o Brasil da startup argentina AgroFy, Diego Arruda.

Os altos preços das commodities agrícolas em 2021 e 2022 levaram o produtor a aumentar a área plantada, o que demandou investimento em máquinas. Mas a produção de tratores e colheitadeiras, por exemplo, não acompanhou, devido ao fechamento de fábricas de microchips — usados na produção — em importantes polos, como a China, durante a pandemia.

Como consequência do aumento da demanda pelas máquinas usadas, os preços subiram de 30% a 40% entre o começo e o fim da pandemia, de acordo com a AgroFy. Nos últimos meses, com a melhora da oferta de equipamentos novos, as cotações cederam cerca de 10%.

Na plataforma AgroFy, concessionárias de máquinas agrícolas exibem ofertas para uma base de 600 mil usuários ativos por mês. Os equipamentos são adquiridos de produtores no processo de atualização da frota, diz Arruda.

Na Superbid Exchange, aproximadamente 17 mil máquinas foram leiloadas ou vendidas no ano passado. O volume de negócios na plataforma subiu mais de 40% em relação aos patamares pré-pandemia, e a expectativa é crescer mais 15% este ano, diz Marcelo Pinheiro, diretor técnico da empresa.

O mercado de usados é importante porque permite que pequenos e médios produtores acessem máquinas melhores a preços mais em conta, afirma Pinheiro. Segundo ele, uma vantagem é que os agricultores não estão esperando mais 10 anos para revender, como ocorria no passado. As máquinas que chegam à plataforma costumam ter de 3 a 5 anos de uso.

O diretor do Superbid diz que, em muitas fazendas, os operadores comparam custos de manutenção, preço de venda dos equipamentos antigos e os valores de novos equipamentos. Quando um equipamento tende ao prejuízo no médio e longo prazo, eles sinalizam para a venda.

Dentro da plataforma, empresas como SLC, Bunge e Usina Santa Adélia vendem máquinas antigas, segundo ele. Há também ofertas de pequenos e médios produtores. “Muitas dessas empresas já trabalham com a curva de monetização dos usados”, diz.

A maioria dos negócios (80%) ocorre em regime de leilão. Além dos leilões, há vendas a preço fixo e outras que aceitam propostas de valores.

Não há uma tabela de preços, mas a equipe do Superbid faz recomendações com base em avaliação dos equipamentos — a mesma que garante a procedência das máquinas. “Recebemos máquinas em vários estados diferentes de conservação. Tentamos valorizar aqueles vendedores que só usam peças originais e que oferecem treinamentos aos operadores constantemente, porque isso faz o equipamento se desgastar menos”, afirma.

De acordo com o diretor do Superbid, os tratores representam quase um terço das vendas na plataforma. “São o carro-chefe devido à flexibilidade. Estão nos processos de pré e pós-colheita, e também atingem mercados de terraplanagem e construção civil”, diz.

Este ano, a expectativa é de que os produtores aproveitem os recursos do Plano Safra 2023/24 para trocar a frota — ainda que os juros de algumas linhas estejam elevados devido ao patamar da Selic. “E tem muita entrega de anos anteriores sendo feita”, acrescenta.


Globo Rural