Com o avanço mundial da eletrificação veicular como solução para a mobilidade, a indústria automotiva enfrenta importantes desafios de sustentabilidade: das diferenças entre as matrizes nacionais de energia ao poder aquisitivo da população e incentivos aos investimentos.
Em agosto, a agência mundial de notícias Reuters publicou relatório mostrando o tempo necessário para se tornar um carro elétrico “mais limpo” do que um similar à gasolina. Usou o modelo Greenhouse Gases, Regulated Emissions and Energy Use in Technologies (GREET, na sigla em inglês), do Departamento de Energia dos Estados Unidos. O estudo revelou que a produção de um sedã elétrico de médio porte gera 47 gramas de CO2 por 1,6 quilômetro durante a fabricação das baterias. São mais de 8,1 milhões de gramas emitidas antes de chegar ao primeiro motorista. Um veículo semelhante usando combustível fóssil gera em média 32 gramas por 1,6 quilômetro, ou 5,5 milhões de gramas.
A Reuters comparou um elétrico Tesla com bateria de 54 kWh e componentes de níquel, cobalto e alumínio, com um Toyota Corolla a gasolina, pesando 1.340 quilos, percorrendo 14 quilômetros por litro. Ambos viajaram pouco mais de 278 mil quilômetros. Na Noruega, que tem matriz energética renovável, o Tesla atingiria paridade de carbono com o Corolla depois de rodar 13 mil quilômetros.
Se a matriz fosse de carvão, seria preciso rodar pouco mais de 126 mil quilômetros. Com o etanol, o Brasil já encontrou resposta para este desafio. Um carro flex brasileiro movido a etanol emite menos CO2 do que um elétrico europeu. O ganho é maior ainda com um carro híbrido com motor flex. Este quadro levou a Volkswagen a escolher o Brasil para instalar um centro de desenvolvimento para essas tecnologias. Considerado pela ONU como “um dos líderes em transição energética mundial”, o País do etanol reúne as credenciais para liderar a descarbonização veicular nos países em desenvolvimento.
*Jacyr Costa Filho - presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp