Erros de gestão e controle de preço levam Argentina a racionamento de diesel

Erros de gestão e controle de preço levam Argentina a racionamento de diesel

Falta de combustível e racionamento causou distorções e criou mercado ilegal de óleo diesel principalmente em províncias que fazem fronteira com outros países, que praticam preços bem maiores

A escassez de diesel na Argentina é resultado não só da desorganização do mercado de energia global, mas principalmente de deficiências de infraestrutura, problemas cambiais e erros na gestão da política do governo de distribuição e preços de combustíveis.

O governo de Alberto Fernández tem atribuído os problemas causados pela falta do combustível principalmente ao aumento do consumo causado pela retomada pós pandemia de covid-19. Segundo dados da estatal petrolífera YPF, o consumo de diesel em abril foi 15,1% maior do que o do mesmo mês de 2019.

Ao mesmo tempo, o polo de Vaca Muerta, no sul do país também quebrou recordes de produção de petróleo não convencional (fracking) - em maio, foi 14% superior ao do mesmo mês de 2019 -, sem que isso melhorasse a oferta de diesel, uma vez que as refinarias argentina não estão tecnicamente capacitadas a produzir o combustível mais pesado. Além disso, o controle de preços mantém a YPF como única distribuidora de diesel, pois as companhias privadas não se dispõem a importar o produto a um custo mais alto do que o valor cobrado nas bombas.

“A Argentina precisa importar cerca de 30% do diesel que consome e a distorção dos preços é maior causa da falta de produto”, disse o economista especializado em energia Mauricio Roitman, ex-presidente da agência reguladora Enargas. “E há outros problemas provocados pelo governo, como a decisão de reduzir a mistura do biodiesel, no ano passado, que contribuiu para reduzir a oferta pouco antes da época de maior consumo de diesel no país.”

Em 2021, o governo Fernández optou por reduzir a mistura de biodiesel, de 10% para 5%, para aproveitar o maior preços internacional do óleo de soja - que é a base do combustível.

Em meio a protestos de caminhoneiros em quase todas as províncias do país, o governo decidiu aumentar a mistura de biodiesel para 12,5% a partir de julho. A Casa Rosada espera que essa medida, junto com a chegada de dez navios de diesel, normalize a oferta.


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