Estado tem potencial para desenvolver hidrogênio verde

Estado tem potencial para desenvolver hidrogênio verde

Potencial de MG para produzir ‘combustível do futuro’ é grande, mas faltam estímulos e arcabouços legal e institucional.

Entre as grandes potencialidades do Brasil está a geração de energia renovável. Seja ela hidrelétrica, eólica ou solar, a abundância de recursos naturais como água, vento e sol eleva o País a um patamar de destaque, especialmente em uma era em que ações em prol da sustentabilidade do planeta ditam as relações socioeconômicas globais. E na esteira das grandes apostas para carbono neutro está o uso de hidrogênio verde, também chamado de “combustível do futuro”, que movimenta bilhões de dólares mundo afora.

Provável substituto do combustível fóssil, o hidrogênio verde pode ser usado do transporte à indústria, movendo carros, ônibus, caminhões, aeronaves e navios e também abastecendo grandes cadeias produtivas. No agronegócio, além de colaborar para a descarbonização, é projetado como fonte abundante de matéria-prima para a produção de fertilizantes.

O hidrogênio é o elemento químico mais abundante na natureza, mas na Terra ele só existe a partir da combinação com outras substâncias, como gases, carvão, petróleo e água. Porém, para utilizá-lo, é preciso fazer a separação. Assim, o elemento é usado nas variações marrom, cinza e azul. O marrom é gerado usando carvão, o cinza a partir do gás natural ou metano e o azul pela captura de gás carbônico. Já o verde pode ser produzido por processos como a reforma do etanol, gás de biomassa ou pela eletrólise da água, usando energia renovável (eólica ou solar).

É aí que entra o diferencial do Brasil. Como o País possui amplo potencial para todas essas fontes, é grande também a capacidade de produzir hidrogênio verde para consumo próprio e até exportação. E as perspectivas vão além. O Brasil também é destaque mundial na produção tanto de biomassa quanto do etanol e, por isso, seus usos se apresentam como outras excelentes rotas tecnológicas para a produção do hidrogênio. 

Dados da Agência Internacional de Energia Renovável indicam que em 2050 o hidrogênio verde deve ser responsável por 12% da demanda global de energia. As apostas são que o Brasil tenha condições de produzir, consumir e exportar não apenas o “combustível do futuro”, mas também tecnologias para obtenção do hidrogênio.

Porém, apesar de todo potencial e expectativas, ainda vai levar um tempo para que a expansão do hidrogênio verde se torne realidade. Nota técnica do governo federal publicada em 2021, que trata sobre a Consolidação da Estratégia Brasileira do Hidrogênio, aponta que as aplicações energéticas ainda são muito limitadas, por fatores como, por exemplo, desafios tecnológicos, custos e dificuldade de transporte e armazenamento. Há ainda necessidade de desenvolvimento de arcabouços institucionais e regulatórios.

 

Diário do Comércio