Estados podem abrir mão de compensação em proposta que limita cobrança do ICMS

Estados podem abrir mão de compensação em proposta que limita cobrança do ICMS

Após encontros em Brasília para negociar mudanças no projeto que estabelece um teto para o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), secretários de Fazenda sugeriram abrir mão da compensação por eventuais prejuízos de arrecadação. A ideia foi discutida em reuniões com o relator do projeto no Senado Federal, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Em troca, os estados pedem que a limitação da tributação sobre a gasolina seja gradual, começando a valer a partir de 2023.O entendimento dos representantes dos estados é de que, na prática, o gatilho que permite que a União arque com as perdas estaduais dificilmente será acionado.

De acordo com o texto aprovado na Câmara dos Deputados, se a perda de arrecadação em 2022 ultrapassar 5% por causa da redução da alíquota, o governo federal vai arcar com o excedente. A medida foi negociada pelos deputados da base governista para facilitar aprovação, mas chegou a ser criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para abrir mão da garantia de compensação, os secretários sugeriram modular a limitação do tributo para gasolina. Dessa forma o teto do imposto seria aplicado de forma gradual sobre esse item, o que poderia amenizar o impacto da limitação sobre os cofres locais.

A arrecadação de ICMS sobre a gasolina tem peso considerável sobre as finanças estaduais. Em alguns estados, como Rio de Janeiro, a alíquota passa de 30%.O relator do projeto, senador Fernando Bezerra, prometeu apresentar a proposta ao ministro da economia, Paulo Guedes.

Segundo o senador, sete propostas de alterações ao texto foram feitas por secretários de fazenda, e quatro delas serão discutidas com a equipe econômica. Ficou de fora da negociação a possibilidade de criação de um fundo de compensação de perdas estaduais.

Depois da reunião, Bezerra também disse que os secretários de fazenda concordaram que o relatório final da proposta --- após os devidos ajustes --- deve servir de base para um acordo entre estados e União. A ideia é que esse texto seja fechado e aprovado já na próxima semana.

Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal federal promoveu uma audiência de conciliação entre as partes. A mediação foi do ministro André Mendonça, que fixou parâmetros e deu prazo de duas semanas para apresentação de um consenso.

"Os estados preferem avançar no entendimento para o relatório que a gente venha a produzir possa ser analisado antes do dia 14. Para que esse relatório apoiado e aprovado aqui no Senado possa ser a base para o entendimento amplo que se deseja celebrar numa nova reunião de conciliação no dia 14 desse mês", afirmou Bezerra.


CNN BRASIL