Etanol e consumidor – Por Luiz Gonzaga Bertelli

Etanol e consumidor – Por Luiz Gonzaga Bertelli

Nos últimos 12 meses, o aumento das tarifas de energia chega a 85% em São Paulo, e novos reajustes podem surgir. No tocante à capacidade total de geração elétrica do País, está previsto um aumento de 3,4% ao ano entre 15 de março de 2015 e 31 de dezembro de 2019.
A previsão de crescimento da capacidade instalada de geração elétrica neste ano será superior à estimativa de crescimento do PIB, respectivamente 5,5% e queda de 1,2%. As usinas hidrelétricas, entre 2015 e 2019, poderão aumentar 22% na sua capacidade instalada. Quanto às térmicas, movidas a gás natural, derivados do petróleo e bagaço da cana, continuarão de 9% e as eólicas passarão de 4% para 6%.
Com a eletricidade mais cara, é retirada a competitividade das empresas brasileiras, em relação às estrangeiras.
À semelhança da eletricidade, falta-nos uma correta política para os combustíveis, notadamente em relação ao etanol, o que desencadeou uma crise sem precedentes na indústria sucroalcooleira. A precípua razão foi o congelamento do preço da gasolina pelo governo, para conter a inflação e ter sucesso nas eleições. Detentor de tecnologia 100% nacional na fabricação de equipamentos para o etanol, extraído da cana-de-açúcar, o Brasil perdeu a sua liderança mundial e está prestes a transformar-se num grande importador deste combustível limpo.
Sessenta e sete usinas produtoras do açúcar e do álcool já estão em recuperação judicial e 44 delas estão paralisadas. Ao lado da indústria canavieira, sofrem os 70 mil fornecedores independentes da cana-de-açúcar, responsáveis pela geração de mais de um milhão de empregos diretos. Hoje, o preço do etanol hidratado é mais vantajoso do que o da gasolina, nos postos da capital paulista. A mencionada competitividade do etanol hidratado leva os usuários do combustível a consumir próximo de 1,5 bilhão de litros, a cada mês.
*Artigo publicado no DCI em 07/08/2015.
Luiz Gonzaga Bertelli - Jornalista, diretor e conselheiro da Fiesp, presidente da Academia Paulista de História (APH)