Etanol puxou resultados da São Martinho no primeiro trimestre da safra

Etanol puxou resultados da São Martinho no primeiro trimestre da safra

Impulsionado sobretudo pelos negócios com etanol, a São Martinho, uma das maiores empresas do segmento sucroalcooleiro do país, fechou o primeiro trimestre desta safra (2022/23) com avanços em seus principais indicadores operacionais que mais do que compensaram a alta das despesas financeiras provocado pela alta de juros no mercado, fator marcante no período. 

Segundo informações divulgadas pela companhia, o lucro líquido aumentou 16,6% em relação a igual intervalo do exercício passado, para R$ 221,6 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 27,2% na comparação, para R$ 875,7 milhões, com margem Ebitda ajustada de 51,3%, e a receita líquida subiu 29,2%, para R$ 1,707 bilhão.

Segundo Fabio Venturelli, CEO da São Martinho, não foi um trimestre fácil, dada a falta de chuvas que afetou canaviais no Centro-Sul e seus reflexos sobre o início das operações das unidades da empresa na safra e o processamento de cana no período. “Mas fomos eficientes em vender, sobretudo etanol, cuja remuneração ainda não havia sido contaminada pelas mudanças tributárias que vieram depois”, afirmou ele ao Valor. 

De abril a junho, o processamento total de cana (própria e de terceiros) da companhia somou 7,8 milhões de toneladas, 10,5% menos que no mesmo período do ciclo 2021/22. A produção de açúcar caiu 23,7%, para 416 mil toneladas, e a de etanol recuou 9%, para 325 mil metros cúbicos — a quantidade de energia cogerada exportada para o sistema diminuiu 12,8%, para 264 mil megawatts-hora.

Mas, com o aumento de preços obtidos nas vendas de etanol, a receita com o biocombustível cresceu 83,4%, para R$ 1,044 bilhão, e diluiu a queda da receita com as vendas de açúcar, que foi de 18,6%, para R$ 513,7 milhões. “Diante das circunstâncias, as vendas de açúcar podem ser consideradas expressivas. Além do clima, tivemos pressão sobre as cotações internacionais da commodity, em boa medida causada pelas incertezas econômicas globais. E teremos recuperação nessa frente a partir deste segundo trimestre, inclusive com melhores preços”, afirmou Venturelli.

No fim do primeiro trimestre, as fixações de preço de açúcar para a safra 2022/23 totalizavam 604 mil toneladas, a um preço de R$ 2.261 por tonelada. Para a 2023/24, as fixações totalizavam 165 mil toneladas, a R$ 2.374 por tonelada.

Em junho, realçou o diretor financeiro Felipe Vicchiato, a dívida líquida da São Martinho alcançou R$ 3,195 bilhões, 9,9% mais que um ano antes, mas a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) permaneceu abaixo de 1 vez — subiu de 0,93 vez, em março, para 0,96 vez. O aumento da dívida, cujo perfil permanece alongado, foi um reflexo da maior necessidade de capital de giro e também de investimentos.

Os principais investimentos em curso são a construção de uma usina de produção de etanol feito de milho, que absorverá R$ 750 milhões e deverá estar ainda nesta safra, e uma nova unidade de cogeração de energia, orçada em R$ 320 milhões e com previsão de entrar em operação no ciclo 2023/24.


Valor Econômico