Pode vir um álcoolduto ou etanolduto para Mato Grosso. Esse assunto já esteve na pauta estadual anos atrás e volta agora com uma perspectiva diferente e factível. Pessoas envolvidas com o empreendimento e produtores de etanol do estado tiveram uma conversa com o governador sobre esse assunto. Alguns dados começam a aparecer.
O etanolduto está em Uberaba, conectado a Ribeirão Preto e rumo a Paulínia, centro de distribuição nacional. Não se sabe ainda por onde ele viria para Mato Grosso. Por Itumbiara, por Senador Canedo? Isso só será definido depois do projeto pronto.
A empresa envolvida nesse álcoolduto teve problemas judiciais no caso Lava Jato. Depois de acordos na Justiça, associada a novos sócios, o grupo estaria em condições de voltar ao negócio.
Para trazer o etanolduto até o estado, Mato Grosso teria que produzir cinco bilhões de litros de etanol por ano. Dizem que isso é café pequeno. Hoje já se produz mais de 1.2 bilhões de litros e, com algumas fábricas sendo construídas, aquele número poderia ser atingido em pouquíssimos anos.
Para trazer o etanolduto até o estado, Mato Grosso teria que produzir cinco bilhões de litros de etanol por ano
A produção de milho poderia subir de 30 milhões de toneladas para mais de 50 milhões nos próximos dez anos. Terras não faltam no estado, daí o interesse maior dos empreendedores em trazer o álcoolduto. Nenhum lugar do Brasil tem um estoque de terras como aqui para aumentar a produção de milho.
O etanol sendo levado por duto acabaria o pesadelo do frete que encarece a produção da agroindústria do estado. Terra, sol, chuva, incentivos fiscais e transporte por duto. Não tem jeito de não ser competitivo.
Tinha-se receio de que o outro produto do milho, DDG, ou, em linguagem direta, o bagaço do milho, produzido em grandes quantidades, teria que ser levado para fora e o frete mataria o empreendimento.
Mostram que não é nada disso. Que a quase totalidade do DDG seria consumido aqui mesmo. Parte das 30 milhões de cabeça de gado seria alimentada em confinamento com DDG adicionado à ração. Outra parte alimentaria os nove milhões de suínos em engorda no estado. E ainda ajudaria na alimentação de aves e peixes.
A agroindústria do etanol não enfrentaria o gargalo estadual que é a logística de transporte. O etanol iria por duto e o DDG seria quase todo consumido aqui mesmo.
Lembro de uma viagem aos EUA de gentes daqui coordenada pelo Cloves Vetorato. Voltaram encantados com a produção de etanol de milho dos EUA. Foram criticados no estado, inclusive por esta coluna. Dizia que seria loucura substituir o álcool de cana de açúcar pelo de milho. Tem que reconhecer que não estavam errados. O único senão foram não mostrar a tremenda importância do tal do DDG.
Veja o que pode vir por aí: aumento da produção de milho no campo, mais fábricas de etanol e DDG, alimentos de qualidade para gado, aves, suínos e peixes e sem o fantasma do tal do frete. Se essa agroindústria não der certo nenhuma outra daria.
Alfredo da Mota Menezes é analista político.