Eventos cada vez mais extremos, impacto do CBIO no etanol e racionamento de gás na UE

O mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre o clima na América Latina e Caribe traz notícias, no mínimo, alarmantes sobre os rumos que as políticas energéticas e ambientais têm nos levado até agora.

Secas intensas, chuvas extremas, ondas de calor terrestres e marinhas e derretimento de geleiras estão afetando "da Amazônia aos Andes, do Oceano Pacífico e Atlântico até as profundezas nevadas da Patagônia".

Com as taxas de desmatamento mais altas desde 2009, as emissões de gases de efeito estufa estão aumentando e a temperatura do planeta também. As geleiras andinas perderam mais de 30% de sua área em menos de 50 anos e a mega seca do Chile Central é a mais longa em pelo menos 1.000 anos.

"O relatório mostra que os riscos hidrometeorológicos, incluindo secas, ondas de calor, ondas de frio, ciclones tropicais e inundações, infelizmente levaram à perda de centenas de vidas, danos graves à produção agrícola e infraestrutura e deslocamento humano", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

O especialista alerta que o aumento do nível do mar e o aquecimento dos oceanos tendem a continuar afetando os meios de subsistência costeiros --- incluindo turismo, saúde, alimentação, energia e segurança hídrica.

"Na América do Sul, a contínua degradação da floresta amazônica ainda está sendo destacada como uma grande preocupação para a região, mas também para o clima global, considerando o papel da floresta no ciclo do carbono", completa Taalas.

O clima na América Latina e Caribe:

- Temperatura continua aumentando: A taxa média de aumento da temperatura foi em torno de 0,2°C/década entre 1991 e 2021, comparada a 0,1°C/década entre 1961 e 1990.

- As geleiras nos Andes tropicais perderam 30% ou mais de sua área desde a década de 1980. Algumas geleiras no Peru perderam mais de 50% de sua área. O recuo das geleiras e a perda de massa de gelo aumentaram o risco de escassez de água para a população e os ecossistemas andinos.

- Nível do mar sobe a um ritmo mais rápido do que globalmente: isso ameaça uma grande proporção da população, que está concentrada em áreas costeiras --- contaminando aquíferos de água doce, erodindo as linhas costeiras, inundando áreas baixas e aumentando os riscos de tempestades.

- Mega seca do Chile continuou em 2021: com 13 anos até o momento, esta constitui a seca mais longa nesta região em pelo menos mil anos, exacerbando uma tendência de seca. Além disso, uma seca de vários anos na Bacia Paraná-La Plata, a pior desde 1944, afetou o centro-sul do Brasil e partes do Paraguai e Bolívia.

- Os danos induzidos pela seca na bacia do Paraná-La Plata à agricultura reduziram a produção agrícola, incluindo soja e milho, afetando os mercados agrícolas globais. Na América do Sul em geral, as condições de seca levaram a um declínio de -2,6% na safra de cereais 2020-2021 em comparação com a temporada anterior.

- Temporada de furacões no Atlântico: 2021 teve o terceiro maior número de tempestades nomeadas já registradas, 21, incluindo sete furacões, e foi a sexta temporada consecutiva de furacões no Atlântico acima do normal.

- Chuvas extremas em 2021: Inundações e deslizamentos de terra nos estados brasileiros da Bahia e Minas Gerais levaram a uma perda estimada de US$ 3,1 bilhões.
Desmatamento na floresta amazônica brasileira dobrou em relação à média de 2009-2018, atingindo seu nível mais alto desde 2009. 22% a mais de área florestal foi perdida em 2021 em comparação a 2020.

- Migração climática: Os Andes, o nordeste do Brasil e os países do norte da América Central estão entre as regiões mais sensíveis aos deslocamentos de pessoas por consequência do clima --- fenômeno que aumentou nos últimos 8 anos.

 

Epbr