Exportação, o mesmo volume de cinco anos atrás - Por Arnaldo Luiz Correa
O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com uma tímida alta em relação à semana anterior de apenas 7 pontos (ou US$ 1.50 por tonelada). O vencimento julho/2015 fechou cotado a 12.05 centavos de dólar por libra-peso, correspondendo a R$ 877 por tonelada FOB. Os demais meses de negociação na bolsa de NY apresentaram variações positivas ao redor de 15 pontos, uma apreciação de pouco mais de 3 dólares por tonelada. O spread outubro/2015 março/2016 negocia a 133 pontos de desconto implicando num custo de carregamento de 27.69%. Esse é o momento das usinas mais capitalizadas que não tenham ainda vendido seu açúcar na exportação rolar a posição para o vencimento março, pois estarão agregando pelo menos mais 12 dólares por tonelada no preço final de fixação.
O Centro-Sul está moendo 6.27% menos cana nesta safra comparando o acumulado até o final da primeira quinzena de maio: foram 74.3 milhões de toneladas de cana contra 79.3 milhões de toneladas na safra anterior. O volume de açúcar produzido no mesmo período também foi inferior em 17%, ou seja, 2.8 milhões de toneladas contra 3.4 milhões na safra passada. Etanol total também caiu: 1.7%. Sabe o que isso quer dizer? Nada. Absolutamente nada. Pelo menos por enquanto.
A curva de correlação mostra que as duas variáveis: a) produção quinzenal acumulada e b) o número final de safra, se descolam completamente entre a segunda quinzena de maio e a segunda quinzena de agosto, por várias razões: clima e problemas logísticos, entre as principais. Ou seja, o número de moagem a ser publicado em determinada semana no período acima citado tem quase nula importância no total efetivo da safra. Não dá, portanto, para estimar um número final de moagem apenas olhando o acumulado quinzenal, principalmente daqui até agosto já que a correlação dessas duas variáveis é pequena oscilando entre 0.35 e 0.49. Se o mercado quiser especular usando o acumulado como referência é um tiro no pé. Somente a partir de outubro é que o acumulado começa a desenhar o tamanho da safra, mesmo que ainda faltem aproximadamente 20% para ser moído (essa tem sido a média das últimas dez safras no Centro-Sul). Parece óbvia essa afirmativa, mas os fundos, em especial no marasmo em que o mercado se encontra, podem influir momentaneamente na trajetória de preços respaldados num argumento falacioso como esse e levar o mercado e os desavisados de plantão para o mesmo buraco.
A segunda estimativa da safra de cana do Centro-Sul para 2015/2016, apurada pela Archer Consulting é de 581 milhões de toneladas, assumindo uma produção de 32.6 milhões de toneladas de açúcar e 26.6 bilhões de litros de etanol. A presente estimativa é 1.33% maior do que a primeira (publicada em fevereiro) que contemplava efeitos climáticos mais severos que acabaram não se materializando e/ou foram compensados por outros fatores.
Nossa estimativa adicionou uma produção de 423 mil toneladas de açúcar em relação à estimativa de fevereiro e 345 milhões de litros de etanol, dos quais 143 milhões de anidro e 202 milhões de hidratado.
Curiosamente, em relação à safra 2014/2015 quando lançamos nossa segunda estimativa em março de 2014, apontamos que a safra seria de 575.514, número muito próximo do que acabou se efetivando que foi de 576.581 (uma diferença de apenas 0.19%).
A exportação brasileira de açúcar acumulada nos últimos doze meses (de junho de 2014 até maio de 2015) alcançou 24.2 milhões de toneladas, arrecadando um total de US$ 9.15 bilhões. O volume acumulado é 6.2% menor do que o período anterior (de junho de 2013 até maio de 2014). O valor médio das exportações no período analisado é de US$ 378.11 por tonelada. O preço médio da safra 2014/2015, compreendendo as exportações entre abril de 2014 e março de 2015 foi de US$ 383.46 por tonelada, 4.91% inferior ao valor apurado pelo modelo da Archer Consulting para as fixações das usinas no ano safra. Se compararmos o volume exportado acumulado até maio/2015 com o volume de maio/2010, que foi de 24.1 milhões de toneladas, podemos afirmar que estamos estagnados nesses cinco anos apesar de neste intervalo de tempo temos tido picos de até 29.2 milhões de toneladas (em agosto de 2013).
Já a exportação de etanol acumulada nos últimos doze meses (de junho de 2014 até maio de 2015) alcançou o volume de 1.23 bilhão de litros, uma queda de 53.4% em relação ao período anterior (junho/2013 até maio/2014). A forte demanda interna impossibilitou o crescimento desse mercado cujo valor médio de venda no período analisado foi de quase 600 dólares por metro cúbico.