GranBio e Nuseed unem forças para desenvolver cana-energia

GranBio e Nuseed unem forças para desenvolver cana-energia

A GranBio, do empresário Bernardo Gradin, acertou uma parceria com a Nuseed, do grupo australiano Nufarm, para desenvolver novas variedades de cana-energia. A planta é um tipo de cana que tem mais biomassa e é mais favorável à produção de etanol celulósico (de segunda geração, ou E2G) e à cogeração de energia, mas também pode ser usada por usinas convencionais. A estratégia visa a dar escala à produção dessa matéria-prima e viabilizá-la na transição energética de mercados que buscam neutralizar as emissões de carbono.

Pelo acordo, a Nuseed compra os ativos biológicos que a GranBio desenvolveu nos últimos anos na área e compromete-se com aportes em pesquisa e desenvolvimento para obter variedades adaptadas a diferentes tipos de clima e solo no mundo e competir com a cana convencional. A GranBio, por sua vez, terá a exclusividade do licenciamento das variedades de cana energia para a produção do E2G pelos próximos dez anos. As empresas não divulgam valores do acordo.

Especializada em desenvolver sementes e plantas, a Nuseed deve desembolsar um valor muito maior do que a GranBio conseguiria, disse Gradin ao Valor. A GranBio tem hoje 13 variedades de cana-energia patenteadas, fruto de pesquisas que começaram em 2011 e que se basearam no cruzamento de variedades antigas.

A expectativa é que a Nuseed leve a cana-energia a uma extensa área na próxima década. Já a GranBio espera alcançar 300 mil a 400 mil hectares nesse período com suas variedades.

O “mapa” global da cana-energia ainda é modesto. Hoje, 23 clientes da GranBio no Brasil e na Argentina cultivam variedades da empresa em 8 mil hectares. Alguns plantios já ocorrem em regiões não-aptas à cana tradicional, como o Agreste baiano. Segundo Gradin, a diferença é que a cana-energia pode ser cultivada em regiões com baixa umidade e solo seco, o que permitiria levar a cultura a regiões das quais, no momento, ela passa longe.

A GranBio também aposta na atratividade comercial da cana-energia. Um dos tipos tem até três vezes mais biomassa que a cana convencional, porém menos açúcar — seu teor de sacarose é de 4% a 5% e o da cana tradicional, de 15%. Um segundo tipo tem duas vezes mais biomassa e 10% a 12% de sacarose.

Apesar de ter menos açúcar, a cana-energia tem um sistema radicular e de folhas mais robusto, que lhe confere mais produtividade, com mais sacarose por hectare, afirma Gradin. Além disso, por ter fotossíntese mais rápida, seu ciclo é mais longo — são oito a dez anos com bons rendimentos; na convencional, a média é de quatro a cinco anos.

As vantagens fazem Gradin apostar na competição com a cana convencional, que hoje ocupa mais de 9 milhões de hectares no Brasil, e ver potencial para a cana-energia substituir pastos degradados. No mundo, as áreas degradadas chegam a mais de 700 milhões de hectares.

Os mercados mais promissores
O mercado mais promissor, porém, está no uso da cana-energia como plataforma principal para o E2G, bioquímicos e até para o bioquerosene de aviação (SAF, em inglês), segundo o empresário. A própria GranBio está desenvolvendo uma tecnologia nos EUA para produzir SAF do E2G, que poderia ser neutro em carbono. “O etanol celulósico não compete com alimentos e pode entregar uma quantidade maior [de SAF] em menos tempo”.

Segundo a companhia, os projetos de biorrefinarias para biocombustíveis de segunda geração poderiam utilizar 50 mil hectares de cana-energia e produzir 100 milhões de galões de bioquerosene carbono neutro a partir de 2028.

A alta capacidade de fotossíntese da cana-energia garante uma captura de carbono maior do que na cana comum. Segundo o empresário, análises próprias da companhia, ainda não validadas cientificamente, indicam que o uso da cana-energia permite que o E2G capture duas vezes mais carbono do que emite em sua produção e na queima nos motores. “Queremos demonstrar que terá mais carbono capturado do que emitido com o nosso combustível”, diz.

A aposta ocorre em um momento em que o setor canavieiro aguarda a conclusão de pesquisas em sementes de cana. Atualmente, o plantio da cana ocorre a partir de toletes de plantas cultivadas, e as sementes são vistas como uma alternativa para aumentar a produtividade.

Apesar da novidade no horizonte, Gradin não a vê como ameaça. “As sementes são uma alternativa de propagação do plantio que pode ser aplicada à cana energia”, afirma.

 


Valor Econômico

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