Guedes é cobrado a apresentar na próxima semana solução para conter alta dos combustíveis

Guedes é cobrado a apresentar na próxima semana solução para conter alta dos combustíveis

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi cobrado por membros do governo a apresentar, na semana que vem, uma solução que ajude a aplacar a alta dos combustíveis. O preço da gasolina e do diesel preocupa a ala política do governo, que vê a inflação afetar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) a quatro meses da eleição.

Ontem, Guedes se reuniu no Palácio do Planalto com os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Célio Faria Junior (Secretaria de Governo), Adolfo Sachsida (Minas e Energia) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União).

Segundo fontes, a reunião girou em torno da ideia de um decreto estado de calamidade pública, que permitiria ao governo romper o teto de gastos públicos. A desculpa para esse decreto seria a alta dos preços internacionais do petróleo causada pela guerra na Ucrânia.

A ideia é defendida pela ala política do governo, encabeçada por Nogueira. Em entrevista à “CNN Brasil” exibida ontem, o ministro admitiu essa hipótese, mas disse acreditar que ainda não é o momento para tal medida.

Nos bastidores do Palácio, o comentário é que Guedes resiste à ideia, alegando que o afrouxamento fiscal pode se voltar contra o governo, ao impulsionar os preços do dólar e gerar mais inflação.

A ideia da calamidade, por ora, foi barrada. Mas Guedes foi cobrado a apresentar soluções ao Planalto.

Embora ministros como Nogueira e Fábio Faria (Comunicações) tenham desdenhado da última pesquisa Datafolha, o levantamento divulgado em 26 de maio causou preocupação. Nele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece com 48% das intenções de voto, contra 27% de Bolsonaro. A exemplo de outros institutos, o Datafolha aponta possibilidade de vitória do petista em primeiro turno.

Diante desse quadro, Guedes tem sido responsabilizado por adotar uma política fiscal vista como “radical”, sofrendo pressões para abrir os cofres a fim de viabilizar a reeleição do presidente.

A opção preferida da área econômica é a aprovação no Congresso de um Projeto de Lei Complementar (PLP) que limita a 17% o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte urbano.

A proposta, no entanto, gera perda de R$ 83 bilhões em receitas para os Estados, segundo cálculo dos secretários estaduais da Fazenda.

 

VALOR ECONÔMICO (03/06)