Híbridos flex a etanol ampliam vantagem no mercado brasileiro de elétricos

Híbridos flex a etanol ampliam vantagem no mercado brasileiro de elétricos

As vendas de veículos eletrificados leves no Brasil cresceram 115% no primeiro trimestre de 2022, chegando a 9.844 unidades, contra 4.582 no mesmo período de 2021, mostra levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

E os híbridos flex a etanol (HEV) fabricados no Brasil pela Toyota ampliaram a liderança do mercado brasileiro de eletrificados, respondendo por 65% das vendas em março, com 2.504 unidades.

Somados, os HEV a etanol, gasolina e diesel chegaram a 73% das vendas do segmento em março e a 68% no primeiro trimestre.

Foi também o melhor mês de março e o terceiro melhor mês da série histórica, só superado por dezembro e agosto de 2021.

O mês passado registrou 3.851 emplacamentos de eletrificados, aumento de 106% sobre março do ano anterior, e de 12% sobre fevereiro de 2022.

Elétricos e híbridos seguem uma tendência inversa à do mercado doméstico de automóveis e comerciais leves em geral, cujas vendas caíram 25% na comparação entre os primeiros trimestres de 2022 e 2021.

O primeiro trimestre de 2022 registrou 374.533 emplacamentos, contra 497.812 em 2021, segundo a Fenabrave.

“O consumidor brasileiro já dá preferência aos veículos de baixa emissão de poluentes. Os números são claros: nos dois anos de pandemia, os eletrificados cresceram exponencialmente, enquanto o mercado de veículos a combustão regrediu”, comenta Adalberto Maluf, presidente da ABVE.

O executivo avalia que a participação de mercado dos eletrificados ainda está abaixo do potencial do país. Apenas 2,6% no primeiro trimestre. Considerando somente os veículos elétricos plug-in, esse percentual cai para 0,8%.

“Ainda estamos muito atrasados em relação às principais áreas econômicas do mundo. Na Europa, as vendas de elétricos plug-in chegaram a 19% do mercado em 2021. Na China, a 15%. Nos Estados Unidos, a 4%”.

Maluf defende uma política nacional de eletromobilidade e a inserção da agenda entre as “prioridades dos novos governantes que serão eleitos este ano”.

“Se o Brasil não se inserir fortemente nas novas cadeias produtivas globais da eletromobilidade, vai perder competitividade. As indústrias nacionais ficarão obsoletas, e os empregos do futuro serão criados nos outros países, e não aqui”.

A frota total de eletrificados leves no Brasil é de 86.986 veículos. A expectativa da ABVE é chegar a 100 mil veículos já no final deste semestre.

Os números consideram a soma das vendas de automóveis, utilitários, SUVs e comerciais leves eletrificados, incluindo elétricos híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e totalmente elétricos (BEV).

Market share. Veja a evolução da participação dos eletrificados no mercado doméstico total de veículos leves (HEV+PHEV+BEV):

Jan-dez 2020: 1% (19.745 eletrificados, sobre 1.950.889)

Jan-dez 2021: 1,8% (34.990, sobre 1.974.431)

Jan 2022: 2,2% (2.558, sobre 116.601)

Fev 2022: 2,8% (3.435, sobre 120.192)

Mar 2022: 2,8% (3.851, sobre 134.904)

1º tri de 2022: 2,6% (9.844, sobre 374.533)

Outra solução de baixo carbono para o setor de transportes que tenta ganhar o mercado brasileiro são os biocombustíveis avançados.

A Vibra Energia fechou um contrato de comercialização exclusiva do combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) que a Brasil BioFuels (BBF) pretende produzir no Brasil a partir de 2025.

O acordo é válido por cinco anos e se soma ao contrato já assinado entre as partes para compra e venda do diesel verde.

A matéria-prima para os biocombustíveis será o óleo de palma produzido pela BBF no interior de Roraima.

Já o refino será feito numa planta a ser construída na Zona Franca de Manaus (AM). Essa  promete ser a primeira fábrica de produção dos dois biocombustíveis, em escala industrial, no Brasil.

A expectativa é que sejam investidos cerca de R$ 2 bilhões na produção, inicial, de 500 milhões de litros de biocombustíveis por ano. A unidade está prevista para o primeiro trimestre de 2025. Já a Vibra espera iniciar a comercialização do HVO e SAF até 2026.

Tanto a eletrificação quanto a inserção do SAF e do diesel verde na matriz brasileira estão em discussão no Combustível do Futuro. O programa foi criado no ano passado pelo governo federal para propor políticas de incentivo.

No caso da eletrificação, o governo tem sinalizado que a estratégia brasileira deverá passar pelo etanol – a chamada bioeletrificação.

E o mercado tem se movimentado nessa direção. Em outubro passado, Volkswagem, Raízen e Shell anunciaram uma parceria para estimular o uso de etanol como uma estratégia complementar entre carros elétricos, híbridos e flex.

A colaboração também inclui iniciativas para instalação de postos de recarga para os carros elétricos da marca e fornecimento de energia renovável para as fábricas e rede de concessionários da Volkswagen no Brasil.

No caso do etanol, o objetivo é desenvolver novas fórmulas de etanol pela Raízen, e P&D para melhorar a eficiência do biocombustível.

Já a montadora alemã está instalando um Centro de P&D em Biocombustíveis no Brasil. A proposta é pesquisar fronteiras do uso do etanol como modelo de eletrificação via célula a combustível, com foco também na exportação.

EPBR