Investimentos em energias renováveis devem aumentar no pós-pandemia - Por Guilherme Stuart

Investimentos em energias renováveis devem aumentar no pós-pandemia - Por Guilherme Stuart

A matriz energética mundial é majoritariamente baseada em combustíveis fósseis altamente poluentes. Porém, essa dinâmica vem mudando nos últimos 40 anos com o aumento da produção de energia via fontes renováveis. Até 1980, o consumo de energia oriundo de hidrelétricas, torres eólicas, usinas solares e demais fontes renováveis representava menos de 6% de toda a produção mundial, segundo dados da Our World in Data. Em 2019, o índice saltou para cerca de 10%.

Sem dúvida, o aumento do uso de fontes renováveis no planeta se deve ao constante aperfeiçoamento das tecnologias concernentes, bem como da necessidade de as nações reduzirem suas emissões de dióxido de carbono (CO2).

O Brasil se encontra bem posicionado no setor, com aproximadamente 43% da produção de energia já provenientes de fontes renováveis, com destaque para as energias eólica, hidráulica, solar e biomassa – resíduo da produção de etanol. Mesmo com a matriz energética substancialmente mais renovável que a média global, os investimentos na área continuam a todo vapor.

Na América Latina, o país liderou o ranking de investimentos no setor ao registrar aportes de US$ 6,5 bilhões em 2019, um acréscimo de 74% em relação ao ano anterior, segundo dados da BloombergNEF (BNEF).

As perspectivas futuras são ainda mais animadoras. Hoje, o Brasil é um dos três mercados emergentes mais atraentes para a realização de investimentos no setor, ficando atrás somente de Índia e Chile, de acordo com a última edição do relatório Climatescope – também produzido pela BloombergNEF. O estudo considerou indicadores de 104 mercados emergentes em transição energética e mediu a capacidade dos países de atrair capital para fontes de energia com baixa emissão de carbono.

Nem mesmo a crise provocada pela covid-19 deve diminuir as oportunidades de investimentos no País, segundo relatório da Business Integration Partners do Brasil (BIP). A consultoria aponta que mesmo com a eventual redução dos investimentos em energia renovável em 2020, o foco em sustentabilidade e a transição energética para essas fontes mais limpas tendem a continuar fortalecidas nos próximos anos.

Dentro desse contexto, hoje, as oportunidades de investimentos mais atraentes no país se encontram em projetos de energia eólica e solar. Recentemente, a gestora de investimentos Prisma, liderada por Marcelo Hallack, levantou R$ 480 milhões e atraiu 3.800 investidores qualificados na oferta pública de distribuição de cotas do Prisma Proton Energia.

O valor levantado na oferta será utilizado para a aquisição de quatro usinas de geração fotovoltaica, localizadas nos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia, e que juntas possuem capacidade de geração de 114 MW.

Tal movimentação referenda o apreço cada vez maior dos investidores por projetos energéticos renováveis. Apesar do crescimento, a capacidade instalada de energia solar fotovoltaica ainda possui uma participação de menos de 2% da matriz energética brasileira (4,5 GW no total), de acordo com estudo da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena). Já a capacidade instalada de energia eólica no país é de 9,3% (16 GW no total), conforme relatório da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

Os dados mostram que ainda há espaço para uma ampla expansão de fontes renováveis no Brasil e, portanto, a tendência é de que grandes oportunidades de investimentos continuem ocorrendo ao longo dos próximos anos.

Sem dúvida, é muito benéfico para a sociedade quando o mercado financeiro propicia a estruturação de projetos que geram desenvolvimento econômico com base em uma agenda ambiental positiva. Esse movimento vem se intensificando fortemente e, o que é melhor, cada vez traz menos barreiras de entrada para novos empreendedores.

Guilherme Stuart é sócio da RGS Partners