A Usina Jacarezinho, do Grupo Maringá e sócia da Copersucar, fechou novos contratos com fornecedores de cana e iniciou a safra 2022/23 com a perspectiva de contar com mais matéria-prima. Se o clima permitir e houver fertilizantes suficientes, a estratégia deverá garantir a moagem de 2,5 milhões de toneladas, 2% mais que na safra passada e volume próximo da capacidade máxima da empresa.
São dois novos contratos, válidos por cinco anos, com grandes fornecedores da região de Jacarezinho (PR) - eles antes tinham acordos com a Raízen, que tem uma usina perto do município paranaense, em Ipaussu (SP). Com a tacada, a empresa amplia sua área de fornecimento em 1,5 mil hectares e chega a 10 mil.
O desafio, porém, será garantir a produtividade da cana nesta temporada, em meio à escassez e à alta dos preços dos adubos no mercado global. Para garantir o rendimento agrícola necessário para atender à moagem esperada, a usina vai ampliar a adubação com resíduos da própria indústria.
A aplicação de torta de filtro, resultante do processamento da matéria-prima, que foi de 1,5 mil na safra passada, deve aumentar para 3 mil hectares. A companhia também está buscando esterco de aves para aplicar em mais 2 mil hectares.
A adubação organomineral já era praticada, mas em escala menor. “Como o fertilizante ficou mais caro e há insegurança de fornecimento, revisitamos os investimentos, e os parâmetros de retorno mudaram”, disse Eduardo Lambiasi, diretor corporativo do Grupo Maringá.
De 50% a 60% da necessidade de adubação dos canaviais ainda depende de fertilizantes minerais importados. Segundo o executivo, a parcela dos adubos necessários para a renovação de canaviais já foi consumida, já que o plantio concentrou-se no início do ano. Para a manutenção dos canaviais desta safra, o executivo afirma já ter contratos de fornecimento assegurados.
Se a empresa conseguir alcançar suas metas de produtividade nas lavouras e nas usinas, a expectativa é praticamente dobrar a produção de açúcar branco, para 70 mil toneladas, fortalecendo uma estratégia de se aproximar do mercado consumidor local, iniciada há cinco safras. Para apoiar essa aposta, a usina está construindo neste ano um novo armazém de açúcar branco, de 35 mil toneladas, que se soma ao de 20 mil toneladas já existente.
“Apesar do alto investimento, entendemos que é um produto de mais valor. Para a Copersucar, é interessante porque ela pode atender de maneira mais efetiva a Região Sul. E, para nós, é interessante pela rentabilidade”, disse.
Com os aportes realizados até agora, a usina já conseguiria produzir 100 mil toneladas, perto do que já se produz hoje de açúcar bruto VHP - foram 130 mil toneladas na safra passada. A companhia também destinará uma parcela de sua moagem de cana à produção de etanol, mas o mix ainda está indefinido, disse Lambiasi.
A safra 2022/23 também será de preparação para a companhia triplicar sua entrega de energia cogerada a partir do bagaço da cana. Até o fim da temporada, a usina concluirá um aporte de R$ 90 milhões em uma nova turbina e um novo gerador que aumentarão a capacidade de cogeração de 10 megawatt-hora (MWh), para 32 MWh. A ampliação deverá consumir todo o bagaço gerado hoje nas operações da usina, que vende o excedente para outras cogeradoras.
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