Mercado fecha em tímida alta após oito semanas consecutivas de baixa - Por Arnaldo Luiz Correa

Mercado fecha em tímida alta após oito semanas consecutivas de baixa - Por Arnaldo Luiz Correa

Após oito semanas consecutivas fechando em baixa, o mercado futuro de açúcar em NY conseguiu tomar fôlego e terminou o pregão de sexta-feira com um ponto de alta em relação à semana anterior. O vencimento maio/2017 encerrou a semana cotado a 16.77 centavos de dólar por libra-peso. O último final de semana encerrado com alta havia sido o de 3 de fevereiro passado quando NY fechou a 21.11 centavos de dólar por libra-peso. De lá para cá, um derretimento de 434 pontos, pouco mais de 95 dólares por tonelada de queda. Um jejum de oito semanas como o que foi quebrado nesta sexta-feira, se repetiu em julho 2014. Teremos chegado ao fundo do poço?
Nesse nível de preço, contas começam a ser feitas pelas usinas acerca da competitividade do etanol comparativamente ao açúcar de exportação. Sabe-se que para as usinas, no início de safra, faz muito mais sentido, do ponto de vista financeiro, produzir etanol. O valor líquido de entrada no necessitado caixa da usina no começo da safra é mais alto com o etanol. Com o açúcar de exportação, o produto é pago no ritmo de entrega da usina às tradings.

No entanto, o nível de preço de 16 centavos de dólar por libra-peso passa a criar uma demanda por açúcar e limitar expansões de produção em países competidores. Consumidores industriais, no Brasil, começam a fixar seus preços para não correr riscos desnecessários adiante. Portanto, difícil acreditar que o mercado caia abaixo desse suporte, dada as condições atuais.

É muito comum nos mercados futuros de commodities ouvirmos uma imensa gritaria por parte dos produtores quando os fundos derrubam os preços da mercadoria. Eles se revoltam e ficam inconformados com a “manipulação de preços” causada pelos fundos. “É uma vergonha”, exageram uns. No entanto, quando esses mesmos fundos, pela força que representam em conjunto, elevam os preços para patamares nunca antes vistos, sem nenhuma razão fundamentalista consistente, aí não tem problema. “São os fundamentos”, exageram outros. E assim o mercado vai.

O que ocorre hoje é que aqueles pontos que podiam ser determinantes para a continuação de uma queda parecem estar perdendo fôlego. Os fundos não-indexados estão comprados em 36,500 lotes, quando se pensava que eles liquidaram suas posições quando o mercado despencou 140 pontos. Aqui, parece-me que pode ter havido fixações por parte de algumas usinas alimentadas pelo pânico.

O desempenho do mercado de açúcar em NY durante o mês de março foi abaixo da estimativa do nosso modelo de previsão de preços. Pelo nosso modelo, o preço médio do fechamento do primeiro vencimento do açúcar no mês de março seria de 19.07 centavos de dólar por libra-peso. A realidade foi mais cruel: o preço médio real foi de 18.06 centavos de dólar por libra-peso. Para o mês de abril e maio, o modelo aponta preços médios de 17,02 e 16,51 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente.

Em 17 de fevereiro, no Archer Sugar View, relatório enviado aos clientes, dissemos que o modelo apontava, com 95% de segurança, que o preço médio de março ficaria entre 17.78 e 20.93 centavos de dólar por libra-peso. Parece que o mercado antecipou a queda e os próximos meses devem ser menos turbulentos.

A décima estimativa de fixação de preços de exportação das usinas no mercado futuro de açúcar em NY, para a safra 2017/2018 mostra, de acordo com o modelo desenvolvido pela Archer Consulting, que até o final de março de 2017, 17,071 milhões de toneladas já haviam sido fixadas (64.4% da exportação estimada de 26.5 milhões de toneladas).

O preço médio apurado foi de 17.73 centavos de dólar por libra-peso. O valor médio de fixação até o momento é de R$ 1.503,90 por tonelada FOB incluindo o prêmio de polarização e considerando as NDFs (contratos a termo de dólar com liquidação financeira). O preço médio acumulado é de 65,47 centavos de reais por libra-peso, sem prêmio de polarização, representando um aumento de 18.84% em relação ao preço médio da safra 2016/2017 e de 58.27% comparado à safra 2015/2016.