Nada de Estanho com a Vitória de Donald Trump - Por José Carlos de Lima Junior
Nada há de estranho com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. A sua vitória é somente mais um movimento do nacionalismo mundial, que ficou mais evidente após 2013. Entretanto, o que deveria chamar atenção e até então tem ficado imperceptível é o movimento oposto entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Explico.
A Globalização com origem nos anos 1989/1990, expôs todos os países do globo a uma competição “injusta”. Enquanto alguns encontravam-se bem capacitados para aproveitá-la, como Estados Unidos, Alemanha e França (exemplos), outros, como o Brasil, ficaram expostos por não possuírem recursos ou competência mínima para aproveitá-la. Fechamento de empresas e desemprego são apenas dois dos sintomas dessa ocorrência.
Por essa razão, a partir de 1998 emerge o populismo na América Latina. Primeiro, com Hugo Chaves (1998/Venezuela), acompanhado de Montero, Maldonado e Kirchner (2001/Argentina), Lula (2003/Brasil), Vasquez (2005/Uruguai) e Morales (2005/Bolivia), Bachelet (2006/Chile), Correa (2007/Equador) e Lugo (2008/Paraguai), para citar alguns.
A partir de 2014, a maioria dos países populistas começa um processo de abertura, notando que o fechamento em si foi prejudicial em sua própria formação. A eleição de Macri (Argentina), escolha de um parlamento de direita na Venezuela (em oposição a Nicolás Maduro) e, recentemente, impeachment e escolha de Michel Temer no Brasil são casos visíveis.
Entretanto, o mundo nesse mesmo instante passou a ter um movimento contrário, como se experimentasse um “populismo” tardio. Um extremismo surge na França e Alemanha e o Reino Unido sai da União Europeia. Fronteiras passam a ser monitoradas militarmente com o argumento de controle aos refugiados.
O nacionalismo da América Latina lentamente migrou para Europa e Estados Unidos. Trump é somente mais um caso, porém não está isolado. O que deveria chamar atenção, e até o momento ninguém comenta, é como os países que se mantiveram fechados e perderam a oportunidade de crescer pelo aprendizado, quando o mercado estava aberto, como o Brasil, irão se movimentar agora, quando tudo indica que estarão fechados.
O fato é que, temporariamente, os ventos estão a favor do Brasil. A incerteza nos EUA e o excesso de liquidez na Europa farão com que um fluxo de capital seja direcionado para o nosso país. Trata-se de uma excelente oportunidade para fazer negócios. Pena que poucos conseguem nesse atual momento visualizar.