Apesar do terremoto político que sacudiu Brasília nesta semana, com a delação dos executivos da JBS, o açúcar teve bom desempenho, com o contrato futuro de NY para vencimento em julho/2017 encerrando a sexta-feira negociado a 16.38 centavos de dólar por libra-peso, uma alta bastante robusta de 87 pontos (19 dólares por tonelada) em relação à semana anterior. Os vencimentos outubro/2017 e março/2018 também fecharam com alta expressiva de 77 e 66 pontos respectivamente, cotados a 16.59 e 17.08 centavos de dólar por libra-peso. Os fundos pouco mudaram suas posições e continuam ainda vendidos a descoberto (pelos números de terça) em cerca de 27.000 lotes. Pode ser que nessa semana tenham coberto uma parcela desse volume. Algumas usinas têm sido abordadas por seus compradores que lhes sugerem a recompra dos hedges que efetuaram, recebendo 80% do lucro em dinheiro. Imagine se você hedgeou a 20 centavos de dólar por libra-peso e recompra a 16.00, seu comprador embolsa 0.80 centavos de dólar por libra-peso e você vai feliz para casa com 3.20. O ponto de equilíbrio para você é fazer um novo hedge a 16.80 e para o seu comprador, é como se ele ficasse comprado no futuro a 15.20. Qualquer gestor de risco vai recomendar a usina a NÃO FAZER esse tipo de operação. Disciplina e responsabilidade com o hedge são elementos importantes para a gestão de risco. Um ponto interessante a se observar na semana que passou é que os valores do açúcar em NY convertidos em reais por tonelada tiveram uma melhora substancial: na sexta-feira passada o fechamento de NY apontava magros R$ 1,113 contra R$ 1,233 nesta sexta. Ou seja, 120 reais por tonelada! Muitas usinas com gestão financeira profissional aumentaram um pouco mais suas fixações para a 2018/2019 aproveitando a subida repentina do dólar em face da turbulência política. Mercados nervosos normalmente oferecem ótimas oportunidades se você conseguir manter a calma. Pelos cálculos da Archer, lamentavelmente, a crise vivida na semana aumentou a dívida do setor em R$ 2 bilhões, uma vez que o setor tem uma parte dela lastreada na moeda americana. Acreditávamos que o escândalo envolvendo o presidente Temer pressionaria muito mais o dólar e, por conseguinte, o açúcar em NY. No entanto, existe um ponto em que o dólar muito forte em relação ao real acaba batendo na paridade do etanol porque a gasolina importada fica mais cara em reais. Os preços da gasolina na bomba estão agora em linha com o mercado internacional. Desta forma, a Petrobras tem pouca gordura para manter os preços inalterados ao consumidor caso o real continue sendo sacodido pela turbulência vinda de Brasília ou se o houver uma apreciação do preço do petróleo no mercado internacional. No Brasil de hoje, é tarefa quase impossível estabelecer, prever, dimensionar ou sequer imaginar a extensão da podridão que são as relações entre uma grande parcela dos políticos brasileiros e os grandes empresários. Nem mesmo o Marquês de Sade, Boccaccio, Nabokov ou o próprio Capeta (o original, não o eneadáctilo) poderiam criar um enredo com tamanha promiscuidade e devassidão sob um cenário messalínico como o dos personagens que habitam o bordel que abriga a política nacional. Esgoto fétido a céu aberto. Um bando de ladrões e assassinos, considerando o número de pessoas que morrem no país sem atendimento médico nos hospitais, por falta de recursos para a saúde, ou pela violência urbana, por falta de recursos para a segurança. Dinheiro dos contribuintes que jorra do bolso desses criminosos. Não há pena que possa pagar os crimes dessa quadrilha maldita. “Querem saber a resposta perfeita? Eu sempre pergunto para meu interlocutor, você quer um conselho ou uma consultoria? ”. “ Qual a diferença? ”, eles me perguntam. “Bem, conselho é curto e de graça e consultorias são mais detalhadas e custam mais dinheiro”. E eles dizem: “Quero um conselho, óbvio”. “Meu conselho é: pague por uma consultoria”. |