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Algumas companhias do agronegócio estão começando a testar uma tecnologia que promete antecipar falhas em máquinas industriais e agilizar seu reparo. A novidade gerar economias importantes no setor, que precisa atender clientes internacionais em um curto espaço de tempo.
A plataforma, batizada de Neuron, é formada por sensores aplicados às máquinas, além de inteligência artificial e machine learning, que automatizam o processo de compra de peças e agendamento de consertos. A tecnologia foi desenvolvida pelo engenheiro Armando Marsarioli, diretor de estratégia e inovação da Icro Digital, braço do grupo Icro, em parceria com a Universidade Federal de Alfenas (Unifal)
Os sensores medem vibração e temperatura das máquinas, entre outras características, e fazem até avaliações ultrassonográficas. Os dados são lidos e interpretados pela tecnologia, que estima quando os equipamentos devem quebrar. A plataforma age antes que algum problema ocorra, identificando o melhor momento para uma parada.
Ao identificar o risco, a tecnologia realiza automaticamente a compra dos equipamentos necessários com fornecedores homologados e garante a entrega das peças antes que a máquina quebre. Segundo Marsarioli, as transformações nas cadeias de fornecimento não são um problema para o funcionamento do Neuron — pelo contrário. “Sempre que há um tipo de quebra no estoque ou no fornecimento, essas informações vão para o Neuron, que passa a se reprogramar em relação a isso”, diz.
A plataforma também insere na agenda dos profissionais habilitados para a realização dos reparos — sejam eles da própria companhia ou prestadores de serviço — a data para o trabalho. Caso haja problemas com a peça ou o profissional, a plataforma aprende automaticamente e faz a correção em um segundo reparo, mudando o fornecedor ou o profissional convocado, por exemplo.
Blockchain
Mas o pulo do gato é a aplicação de blockchain, que garante a proteção dos dados das empresas no uso da plataforma. “O fornecedor sabe que tem que entregar as peças em uma data, sem necessidade de saber o que causou a parada de equipamento e o prejuízo que houve”, exemplifica Marsarioli. Ele conta que foi o estudo do blockchain no mestrado que está concluindo que levou ao desenvolvimento da plataforma, e que é essa tecnologia que a torna viável comercialmente.
O custo de implantação da plataforma, segundo o especialista, varia conforme as especificidades da indústria e a estruturação das informações na companhia, mas os benefícios tendem a aparecer na baixa de custos e aumento de produtividade.
Redução de custos
Segundo Marsarioli, seus estudos indicam que o Neuron pode reduzir os gastos com manutenção em 30%, além de aumentar a disponibilidade dos equipamentos industriais em 95%. A tecnologia também permite a redução de estoques de peças de reposição em 40% a 50%.
Até o momento, nove empresas estão realizando testes-piloto com a tecnologia, incluindo o Grupo Itapuan Coffees, a cooperativa Cooxupé e usinas de cana. Apesar de o agro concentrar a demanda, Marsarioli diz que o Neuron pode ser aplicado em indústrias de todos os segmentos, já que a plataforma consegue atuar em bancos de dados de diferentes equipamentos. Em alguns casos, a Icro trabalha antes na estruturação das informações das empresas para alimentar a plataforma.
A Icro trabalha agora para incorporar outros elementos de controle à plataforma. Segundo Marsarioli, o Neuron já monitora elementos para garantir a segurança dos profissionais de manutenção, exigindo procedimentos e equipamentos de proteção adequados e travando as máquinas durante as manutenções. A plataforma também pode monitorar elementos que representem risco de danos ao meio ambiente.
Valor Econômico